Instalados mais seis ninhos artificiais para abutre-preto no Tejo Internacional

São agora 15 as plataformas artificiais de nidificação para esta ave, Criticamente Em Perigo de extinção, no Parque Natural do Tejo Internacional.

O Tejo Internacional é um dos três núcleos reprodutores da maior ave de rapina da Europa em Portugal, o abutre-preto (Aegypius monachus), juntamente com o Baixo Alentejo e o Douro Internacional.

abutre em voo
Abutre-preto. Foto: Artemy Voikhansky/Wiki Commons

Mas durante 40 anos não nasceram crias de abutre-preto no país, desde a década de 70.

Só no final de Julho de 2010 é que se registaram duas crias, ambas no Tejo Internacional, e desde então o regresso desta espécie Criticamente em Perigo tem sido acompanhado e incentivado por várias instituições.

Instalação de um dos ninhos artificiais. Foto: João Carvalhinho/ICNF

A zona do Tejo Internacional é uma das regiões onde decorrem acções para trazer de volta esta emblemática espécie.

Na época reprodutora passada foram confirmados 24 casais na área do Tejo Internacional, dos quais 23 reprodutores. “Registaram-se 17 crias vivas e seis crias mortas, uma das quais por derrocada”, segundo o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

Desde o início de 2021 foram instaladas mais seis plataformas artificiais de nidificação no Parque Natural do Tejo Internacional. Estas estruturas foram instaladas para suportar ninhos em derrocada em diferentes núcleos de nidificação de abutre-preto.

Os ninhos artificiais foram colocados nas freguesias de Monforte da Beira (Castelo Branco) e de Rosmaninhal (Idanha-a-Nova).

Instalação de um dos ninhos. Foto: João Carvalhinho/ICNF

A intervenção foi feita pela Direcção Regional da Conservação da Natureza e das Florestas do Centro, com os Vigilantes da Natureza e a equipa CNAF 36 – PNTI.

São agora 15 as estruturas colocadas pelo ICNF e pela Quercus – ACN, em articulação e cooperação com os proprietários dos locais onde se situam os ninhos.

“No Parque Natural do Tejo Internacional tem-se verificado um elevado número de derrocadas de ninhos, com perda de posturas e de crias, que resultam, normalmente, de condições climatéricas adversas, chuva e vento, incidindo em ninhos volumosos e pesados suportados em árvores muito frágeis (azinheiras)”, explica o ICNF.

A instalação destas plataformas artificiais pretende “contribuir para o sucesso reprodutor da espécie no Parque, onde estão identificados 55 ninhos”.

O ICNF tem vindo a monitorizar a população de abutre-preto no PNTI desde 2010, ano em que se confirmou o regresso da espécie a Portugal como nidificante.

“Na operação foi homenageada Otília Urbano, falecida em Dezembro, que planeou a intervenção, na convicção de que os esforços empreendidos contribuirão para a conservação desta espécie prioritária no Parque Natural do Tejo Internacional.”

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.