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Coruja-das-torres. Foto: Edd Deane/Wiki Commons

Ministros do Ambiente do G7 assinam Carta pela Biodiversidade

Países industrializados anunciam novos compromissos para travar a perda de espécies de animais e plantas.

Entre 5 e 6 de Maio estiveram reunidos em Metz, França, os ministros do Ambiente dos países mais industrializados (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Reino Unido, Itália e Japão) e ainda de alguns países convidados para a ocasião pela França, país que preside este ano ao G7 (Chile, Egipto, ilhas Fidji, Gabão, Índia, Indonésia, México, Nigéria, Noruega). O comissário europeu para o Ambiente, Karmenu Vella, também esteve presente.

No domingo de manhã ouviram Robert Watson, o anterior secretário-geral do IPBES (Painel Intergovernamental para a Biodiversidade e Serviços dos Ecossistemas), apresentar o mais recente relatório sobre o estado da Biodiversidade mundial.

Todos os países do G7 e alguns dos países convidados adoptaram a Carta pela Biodiversidade, a Carta de Metz. Este documento, não vinculativo, sublinha a necessidade de “acelerar e intensificar os nossos esforços para travar a perda da biodiversidade”, de “incentivar o envolvimento de outros agentes” – em especial do sector privado -, e “apoiar a elaboração e a concretização de uma estratégia quadro mundial para a biodiversidade pós-2020”.

O objectivo é preparar um documento a tempo da Conferência das Partes (COP) 15 da Convenção das Nações Unidas para a Diversidade Biológica em Kunming, na China, no Outono de 2020. 

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Foto: Joana Bougard/Wilder

A Carta para a Biodiversidade, adoptada agora pelo G7, defende que, “além do seu valor intrínseco, a biodiversidade tem um papel vital na manutenção dos sistemas que suportam a vida e, por isso, é de importância decisiva para toda a vida na Terra, incluindo para os humanos”.

“A biodiversidade e todos os ecossistemas (terrestres, solos, água doce e marinho) são o capital natural que nos dá alimento, matérias primas, medicamentos, abrigo, solos férteis, regulação do clima e da água, e que mitiga ou evita catástrofes naturais e nos dá oportunidades de emprego, e de divertimento.”

No documento, os ministros decidiram “reforçar e melhorar as actuais estratégias, políticas, planos de acção e programas de investigação” e “aumentar o nível de implementação dos compromissos, além de assumir novos e mais ambiciosos compromissos”.

“Os nossos compromissos e acções vão dirigir-se às principais pressões sobre a biodiversidade”, nomeadamente alterações de habitat, perda e degradação (desflorestação, agricultura insustentável, produção florestal e pesca), espécies exóticas invasoras, poluição terrestre e marinha, sobre-exploração de recursos naturais (incluindo sobre-pesca, abate ilegal de árvores, tráfico de espécies) e alterações climáticas.

Além disso, os ministros reconhecem a “necessidade de fazer investimentos consistentes com o cumprimento das metas mundiais para a biodiversidade e de trabalhar para reformar os sistemas que são prejudiciais para a natureza”.

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Cardume de atuns. Foto: Danilo Cedrone/Wiki Commons

O comissário europeu para o Ambiente, Karmenu Vella, disse em comunicado que houve um “verdadeiro sentimento de urgência” na reunião do G7, em relação à perda de biodiversidade.

“O estado crítico dos ecossistemas do planeta e o efeito para a Humanidade está para lá do debate”, declarou o comissário.

O comissário europeu saudou a adopção da Carta de Metz para a Biodiversidade e reiterou o profundo compromisso europeu para com uma estratégia quadro “ambiciosa e realista” para o pós-2020, a ser adoptada na China no próximo ano.

“A União Europeia está comprometida em lutar contra a perda da biodiversidade. E temos o apoio dos nossos cidadãos.”

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.