Oceanos. Foto: Mobibit/Pixabay

ONU quer proteger 30% do planeta até 2030

As Nações Unidas revelaram esta semana o primeiro esboço das metas pós-2020 que deverão ser aprovadas por 193 países na COP15, em Outubro na China. O objectivo é travar a extinção e recuperar espécies e ecossistemas.

 

O esboço revelado esta semana, a 13 de Janeiro, propõe que se aumente para, pelo menos, 30% as áreas protegidas do planeta – terra e mar – até 2030.

Esta é uma das 20 metas deste documento que, daqui até Outubro, serão debatidas em várias reuniões preparatórias, no âmbito da Convenção das Nações Unidas para a Diversidade Biológica.

Mas este roteiro mundial para tentar salvar os ecossistemas não será o único objectivo das negociações internacionais que agora começam.

Os países que se vão reunir na COP15 (Conferência das Partes), a realizar na cidade de Kunming, na China, vão tentar travar a perda da biodiversidade, conseguir gerar recursos de forma sustentável e restaurar ecossistemas. Isto depois de os países terem falhado o cumprimento das metas previstas para a década que agora termina, acordadas em Aichi, no Japão, em 2010.

“O objectivo é estabilizar a taxa de perda de biodiversidade até 2030 e depois conseguir que essa biodiversidade volte a aumentar até 2050, permitindo aos ecossistemas que se regenerem”, explicou Aleksandar Rankovic, investigador no Instituto do Desenvolvimento Sustentável e de Relações Internacionais, responsável pelo dossier da COP15, citado pelo jornal Le Monde.

O documento que servirá de base às negociações mundiais para a biodiversidade retoma as conclusões do Painel Intergovernamental sobre a Biodiversidade e Serviços dos Ecossistemas (IPBES).

Num relatório publicado em Maio de 2019, esses peritos alertam que cerca de um milhão de espécies de animais e de plantas – dos cerca de oito milhões estimados existirem no planeta – estão ameaçados de extinção. Muitas das quais, dizem, poderão desaparecer já durante a próxima década.

A ameaça pesa sobre 40% das espécies de anfíbios, 33% dos recifes de coral, 25% das espécies de plantas, 23% das espécies de aves, 10% das espécies de insectos e sobre mais de um terço dos mamíferos marinhos.

Esta degradação acelerada da natureza é causada pela agricultura intensiva, desflorestação, sobre-pesca, caça, alterações climáticas, poluição e espécies exóticas invasoras.

O documento, com as suas 20 metas, quer introduzir controlos às espécies exóticas invasoras e reduzir em 50% a poluição por plásticos e o excesso de nutrientes.

Até 2030, o comércio de espécies selvagens, terá de ser totalmente legal e sustentável, ainda segundo o documento. Este esboço prevê também a promoção e participação dos povos indígenas e das comunidades locais nas tomadas de decisão sobre a biodiversidade.

“Ainda não perdemos a batalha. A natureza conseguirá prevalecer se lhe derem a oportunidade”, disse, em Maio de 2019, a secretária-executiva do IPBES, Anne Larigauderie.

 

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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.