Tartaruga será devolvida ao mar depois de seis semanas em recuperação

Esta tartaruga-de-couro, recuperada no Zoomarine, tinha sido resgatada em Junho ao largo da Meia Praia, em Lagos, enredada em cabos de armação de pesca. Amanhã será devolvida ao mar.

O animal, um macho com cerca de 300 quilos e 1,5 metros de comprimento, foi resgatado a 20 de Junho e transportado para o Porto d’Abrigo do Zoomarine, um centro de reabilitação de animais marinhos. 

“Os riscos para a sua saúde eram vários”, como infecções devido aos ferimentos e cortes que sofreu, septicemia e pneumonia por aspiração de água do mar”, segundo um comunicado do Zoomarine.

Esses riscos poderiam ser fatais. Por outro lado, os quase 300 quilos de peso da tartaruga “representavam desafios (clínicos e de maneio) impensáveis até à data”.

Mas depois de um mês e meio para estabilização e reabilitação no Porto d’Abrigo do Zoomarine , esta tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) está pronta para regressar a casa.

A 7 de Agosto o Quinas, como foi baptizado, voltará ao mar. A devolução contará com a cooperação da Marinha Portuguesa que integrará nas operações do NRP António Enes (F471), uma Corveta da Classe João Coutinho, para a acção de devolução.

Foi preparada uma caixa especial para que a devolução possa decorrer em alto-mar, a 10 milhas náuticas a sul de Portimão.

De acordo com o Zoomarine, a tartaruga levará na carapaça um aparelho que permitirá acompanhar a sua progressão (velocidade, direcção e profundidades de mergulho) ao longo de vários meses.

Para esta tartaruga, os desafios continuam. Pela frente terá várias ameaças, como “redes de pesca, plásticos abandonados, poluição química, urgência climática, cabos marítimos”.

Actualmente, a tartaruga-de-couro está classificada como Vulnerável na Lista Vermelha da União Internacional de Conservação da Natureza (UICN). Isto por várias razões, desde o aumento das temperaturas, subida do nível do mar e erosão das praias à sobre-exploração dos ovos nas praias pelas comunidades locais.

Um exemplo da importância da tartaruga-de-couro nos ecossistemas marinhos é o seu consumo especializado em medusas tóxicas, actuando como um controlo biológico muito eficaz. O desaparecimento destas tartarugas poderia ter efeitos devastadores no impacto de proliferações massivas de medusas tóxicas, acreditam os especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.