Carriça. Foto: Keith Gallie/Wiki Commons

Cidadãos ingleses voltaram a contar aves. Quase 8 milhões num fim-de-semana

Tal como acontece há 41 anos, os ingleses escolheram um fim-de-semana em Janeiro e contaram todas as aves dos seus jardins. Conheça os resultados do Big Garden BirdWatch de 2020, revelados ontem.

 

O Big Garden BirdWatch, que aconteceu de 25 a 27 de Janeiro, descobriu que aumentaram as visitas aos jardins de pardais, carriças, chapins-rabilongos e chapins-carvoeiros.

O declínio do pardal-comum nos jardins ingleses poderá estar a reverter, segundo os dados deste censo, iniciativa da RSPB (Royal Society for Protection of Birds).

Este ano, além do aumento do número de pardais, um Inverno ameno trouxe também mais chapins-rabilongos (14%), carriças (13%) e chapins-carvoeiros (10%), em comparação com 2019.

 

Pardal-comum. Foto: Karthik Easvur/Wiki Commons

 

Cerca de meio milhão de pessoas por todo o país, mais concretamente 485.930 pessoas, participaram nesta contagem, registando um total de 7.833.350 aves.

Este censo realiza-se há já 41 anos e por isso consegue construir uma boa imagem de como se estão a aguentar as aves selvagens de jardins.

“As aves pequenas sofrem durante os Invernos longos e frios mas o tempo mais quente de Janeiro desde ano parece ter dado a espécies como a carriça e o chapim-rabilongo um empurrão”, disse Daniel Hayhow, conservacionista da RSPB, ao jornal The Guardian.

 

Chapim-azul. Foto: Ann/Pixabay

 

“Ao longo da história deste censo, temos assistido ao aumento de aves como o chapim-carvoeiro e do pintassilgo e ao alarmante declínio do pardal e do estorninho. Mas parece que há boas notícias para estas aves, o que nos dá esperança de que, pelo menos, possa estar a acontecer uma recuperação parcial.”

O pardal-comum foi a ave mais registada este Inverno, com cerca de 1,3 milhões de observações durante aquele fim-de-semana.

A segunda espécie mais vista foi o estorninho-comum (Sturnus vulgaris).

Mas, apesar de estas serem as duas espécies de aves mais observadas, os dados de 41 anos deste censo revelam que os seus números têm caído drasticamente desde 1979. Hoje contam-se menos 53% de pardais e 80% de estorninhos, segundo a RSPB. Este é um padrão seguido por outras aves favoritas, como os melros (menos 46%) e os piscos-de-peito-ruivo (32%).

 

um pisco de peito ruivo
Pisco-de-peito-ruivo. Foto: Christiane/Pixabay

 

“As razões que explicam estes declínios são complexas e continuam a ser investigadas”, escreve a organização inglesa. “Mas menos espaços verdes, poluição e alterações climáticas são apenas alguns dos desafios que estas aves dos jardins têm de enfrentar.”

A lista das 10 aves mais comuns nos jardins ingleses continua com o chapim-azul em terceiro lugar. Depois, surgem, o pombo-torcaz, o melro, o pintassilgo, o chapim-real, o pisco-de-peito-ruivo, o chapim-rabilongo e, em décimo lugar, a pega-rabuda.

Este Top Ten pouco ou nada tem mudado nos últimos anos. A única nova entrada este ano para esta lista foi o chapim-rabilongo, que “voou” para a nona posição.

As espécies que registam subidas, em relação ao censo de 2019, são o pombo-torcaz e o chapim-rabilongo; o melro é a única espécie que recuou. As restantes sete permanecem estáveis.

“Apesar de tudo o que está a acontecer no mundo, a natureza continua na sua vida”, comentou Beccy Speight, directora-executiva da RSPB. “As aves estão a cantar e as plantas a florir. Observar a natureza, seja de uma janela, varanda ou mesmo online, pode dar a muitos de nós esperança, alegria e uma bem-vinda distração.”

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.