Cientistas e cidadãos de todo o mundo celebram o City Nature Challenge de 29 de Abril a 2 de Maio

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Pelo sétimo ano consecutivo está de volta o City Nature Challenge, iniciativa que une as cidades e pessoas de todo o mundo para documentar a biodiversidade do planeta.

O City Nature Challenge, um dos maiores eventos da comunidade científica mundial, arranca a 29 de Abril e estende-se até 2 de Maio. As datas foram reveladas hoje pela Academia de Ciências da Califórnia, num comunicado enviado à Wilder.

“Desde a participação em censos organizados de biodiversidade ao registo da vida selvagem de cada bairro, o City Nature Challenge é a forma perfeita para as pessoas explorarem o seu ambiente local, ao mesmo tempo que contribuem para a Ciência e Conservação da Biodiversidade”, segundo o comunicado.

Lançado em 2016 enquanto um esforço colaborativo entre a Academia de Ciências da Califórnia e o Museu de História Natural de Los Angeles, o City Nature Challenge cresceu de uma competição amigável entre duas cidades e tornou-se num evento internacional que hoje abarca seis continentes.

O primeiro City Nature Challenge registou 20.000 observações no estado norte-americano da Califórnia. Em 2021, cientistas de todo o mundo reuniram um recorde de 1.270.000 observações de mais de 400 cidades em 44 países. Incluindo Portugal.

A cidade de Guimarães participou pela primeira vez em 2018 e foi a primeira cidade portuguesa a aderir ao desafio. Desde então tem participado todos os anos. Em 2021 foi a única cidade portuguesa a juntar-se ao concurso de cidades em busca da vida selvagem urbana. Entre 30 de Abril e 3 de Maio, 80 pessoas registaram cerca de 500 observações de mais de 300 espécies diferentes em Guimarães, no âmbito deste desafio.

“Estas observações da vida selvagem dão informações valiosas sobre a biodiversidade do nosso planeta, permitindo aos cientistas, conservacionistas e decisores políticos tomarem medidas de gestão e de conservação informadas”, acrescenta a Academia.

Recentes trabalhos de investigação desta instituição de ciência norte-americana revelam de que forma a ciência comunitária se pode tornar uma poderosa ferramenta de conservação. Isto se for aplicada uma estrutura aos dados obtidos pelos cidadãos, tornando-os um recurso mais rigoroso e consistente para monitorizar as alterações mundiais na biodiversidade.  

“Estamos muito entusiasmados por ver o que pessoas de todo o mundo irão registar durante o City Nature Challenge deste ano”, comentou Alison Young, co-directora de Ciência comunitária na Academia e co-fundadora do evento.

“Estas observações em tempo real têm um potencial extraordinário para preencher lacunas no conhecimento que temos sobre a biodiversidade no mundo, em especial dentro e em redor das zonas urbanas.”

O City Nature Challenge começa a 29 de Abril às 12h01 de cada fuso horário e estende-se até às 23h59 de 2 de Maio.

Qualquer pessoa a participar num local registado no evento pode juntar-se ao partilhar fotografias das suas observações de vida selvagem através da aplicação iNaturalist, plataforma online da responsabilidade da Academia de Ciências da Califórnia e da National Geographic, ou na plataforma escolhida pela sua cidade.

Basta encontrar vida selvagem na sua casa, bairro, quintal ou em qualquer outra parte. Pode ser uma flor do campo, animal, fungo ou até vestígios como pegadas, cascas, pêlo ou carcassas. Depois, é preciso tirar fotografias ou registar sons do que encontrou e submetê-las nas aplicações certas ou no site do iNaturalist. E, à medida que as suas observações forem sendo identificadas, pode aprender mais sobre as plantas e os animais que encontrou.

Muitos organizadores em cidades um pouco por todo o mundo estarão a organizar eventos para identificação de vida selvagem de 3 a 8 de Maio.

Os esforços científicos colectivos dos participantes de todo o mundo serão trabalhados e os resultados anunciados a 9 de Maio.

Nos últimos seis anos, as observações feitas durante o City Nature Challenge ajudaram os cientistas a detectar padrões nas mudanças na biodiversidade a uma escala global e local. Por exemplo, alguns dos pontos altos do ano passado incluem observações do ameaçado choco-gigante-australiano (Sepia apama) ao largo da costa de Adelaide, o primeiro registo para as Honduras de uma espécie de borboleta, a Thereus ortalus e um escaravelho invasor Broca-Do-Freixo (Agrilus planipennis) em Denton, no Texas (a sua presença deixa entender que a distribuição desta espécie está a aumentar).

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.