Andorinha-das-chaminés. Foto: Diogo Oliveira

Como é que as aves se orientam nas migrações?

Durante muito tempo, a migração das aves foi um mistério para os humanos e só nos últimos cem anos começámos a compreender este movimento regular. Mas, mesmo com os avanços da tecnologia, ainda há muitas coisas que desconhecemos.

 

A migração das aves, uma das maravilhas do mundo natural, é uma forma de adaptação destes animais. As aves migram para sobreviver, apesar de correrem riscos: “Contrariamente ao que podemos ter aprendido na escola, as aves não migram para fugir ao frio do Inverno; migram para locais onde consigam encontrar uma maior abundância de alimento”, explica Gonçalo Elias, coordenador do portal Aves de Portugal.

A diversidade de rotas e de estratégias de migração é impressionante. Todos os anos, por esta altura, milhões de aves riscam os céus do planeta nas suas rotas migratórias, regressando aos territórios onde se reproduzirão, na Primavera.

Acredita-se que as aves selvagens migradoras se orientam pelos astros, diz Gonçalo Elias. “As aves orientam-se pelo sol e pelas estrelas. Estas últimas servem de referência a muitas espécies migradoras”, em concreto para as que escolhem migrar durante a noite, como as aves insectívoras, por exemplo.

 

Andorinhão-preto. Foto: Diogo Oliveira

 

Existem outros factores que ajudam as aves a orientarem-se nas suas viagens como, por exemplo, o seu alinhamento com o campo magnético da Terra. Ainda há muito por descobrir, mas acredita-se que “a informação sobre as rotas de migração estará como que inscrita nos genes”, acrescenta. As aves “sentem” para onde se devem dirigir e como lá chegar e voam por “instinto”.

Além disso, para as espécies que migram em grupo formando bandos maiores ou menores, “os jovens seguem atrás dos adultos, imitando o que eles fazem”.

Nesta altura do ano, são várias as espécies que começaram já as suas migrações estivais. No caso português, as primeiras andorinhas, os primeiros cuco-rabilongos e peneireiros-das-torres já chegaram, vindos de África. Estas três espécies estão entre as primeiras migradoras a chegar ao nosso país, todos os anos.

 

Andorinha-das-chaminés. Foto: Diogo Oliveira

 

O Jardim Gulbenkian é um importante ponto de ‘stopover’ durante as migrações de várias aves como o rouxinol-pequeno-dos-caniços ou os papa-moscas e também um local de invernada para muitas outras espécies migratórias. Nesta altura do ano podemos observar a chegada das andorinhas e andorinhões, que aqui permanecem durante a Primavera e Verão.

 

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A cada mês, a revista Wilder desvenda-lhe alguns dos fenómenos que estão a acontecer no Jardim Gulbenkian e no mundo natural.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.