Que espécie é esta: ovo de raia-manchada ou de raia-curva

A leitora Ana Bela Saraiva encontrou um ovo de raia numa praia de Leça da Palmeira, em Julho, e pediu ajuda na identificação. Susana França responde.

“Encontrei este ovo hoje na Praia Cabo do Mundo, em Leça da Palmeira (concelho de Matosinhos) e pareceu-me que ainda estava cheio. Devolvi ao mar”, explicou Ana Bela Saraiva à Wilder.

Foto: Ana Bela Saraiva

O ovo da fotografia enviada parece pertencer a uma raia-manchada (Raja montagui), mas também é possível que seja de uma raia-curva (Raja undulata​).

Espécie identificada por: Susana França e Luís Alves, investigadores no MARE-Centro de Ciências do Mar e Ambiente.

“Os ovos de raia-manchada são confundidos facilmente com os da raia-curva, que se diferenciam apenas por apresentaram, por vezes, fibras nas extremidades”, nota Susana França, investigadora do MARE no pólo da Universidade de Lisboa.

“Ambas as espécies são relativamente comuns nas nossas águas”, adianta a mesma responsável. Susana França lembra que os registos feitos na ‘aplicação’ de telemóvel “A Grande Caça aos Ovos” vão ajudar “a perceber quais são as zonas preferenciais de desova para estas duas espécies”.

De acordo com a informação disponível nessa ‘app’, a raia-manchada mede 8 a 10 cm quando nasce, mas pode atingir 80 cm de comprimento e 50 cm de largura, quando é adulta.

As fêmeas desta espécie depositam os ovos entre Abril e Julho em águas pouco profundas, em conjuntos que variam normalmente entre 24 e 60 ovos. Os embriões demoram cinco a seis meses a desenvolverem-se.

Já a raia-curva nasce com cerca de 14 cm e pode chegar aos 85 cm de comprimento, no estado adulto. Reproduz-se entre Março e Setembro.

Ao contrário da raia-manchada, que é considerada Pouco Preocupante pela União Internacional para a Conservação da Natureza, a raia-curva está hoje Em Perigo de extinção.


Agora é a sua vez.

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Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.