Que espécie é esta: pseudo-escorpião

O leitor João Trinta encontrou este animal em Janeiro de 2018 na Póvoa de Santa Iria, e pediu ajuda na identificação. Sérgio Henriques responde.

“Esta foto foi tirada numa noite, em Janeiro de 2018, na casa onde então morava (um apartamento na Póvoa de Santa Iria). Este ‘bicharoco’ é pouco maior que uma mosca e, quando o vi, estava perto da lareira (o que me leva a crer que tenha entrado em casa, vindo agarrado à lenha)”, contou o leitor à Wilder.

“Uma vez que não fazia a mínima ideia de que animal se tratava (e continuo sem saber), optei por apanhá-lo, com a ajuda de uma folha de papel, e soltá-lo junto a um relvado com um canavial, mesmo ao pé do prédio onde morava.”

Este parece ser um pseudo-escorpião da espécie Neobisium cf. carcinoides.

Espécie identificada e texto por: Sérgio Henriques, líder do grupo de especialistas em aranhas e escorpiões da UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza) e especialista da Sociedade Zoológica de Londres.

Eu tenho alguns palpites do que poderá ser. Parece ser um Neobisium cf. carcinoides, mas sem ver o animal à lupa, é isso mesmo que seria, um palpipe.

Mas embora não possa descrever com confianca que espécie será, sei que é um raro registo de um pseudo-escorpião, um grupo extremamente raro de arachnideo e super interessante.

O seu nome comum vem da sua aparente semelhança com um escorpião que perdeu “a cauda”. Ainda assim, os dois não poderiam ser mais diferentes.

Os pseudo-escorpiões vivem debaixo de cascas de árvores, em ninhos de animais – como toupeiras, ouriços ou aves – ou no solo. Estes pequenos predadores fazem seda com “a boca” que usam para fazer os pequenos iglos onde moram, ou para construir complexas platafomas de acasalamento, que guiam a fêmea até ao macho.

Saiba mais aqui sobre estes animais.


Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie-nos para o nosso email a fotografia, a data e o local. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.