Aves marinhas. Foto: Wilder/arquivo

Descubra o podcast semanal em Português onde se fala de aves e de conservação

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O mundo das aves tem, desde Fevereiro, um podcast dedicado, falado em Português, que leva até si espécies, ornitólogos, estudos, locais, viagens e projetos. “A Viagem do Maçarico” acontece todas as sextas-feiras, conduzido por Alba Villarroya.

“A Viagem”, como alguns tratam carinhosamente, começou há apenas quatro meses e já tem seguidores fiéis. Até agora são 12 os programas disponíveis, onde Alba Villarroya entrevista pessoas ligadas à ornitologia e à conservação da natureza, desde investigadores, a conservacionistas e fotógrafos.

Nesta série de podcasts naturalistas podemos ouvir Joana Bores falar sobre como é trabalhar na conservação da calhandra-do-raso (Alauda razae) – uma das espécies de aves mais ameaçadas em todo o mundo – em Cabo Verde, Gonçalo Elias explicar o seu trabalho com o portal Aves de Portugal ou Pedro Cardia revelar tudo sobre a evolução das aves e sobre a sua tese dedicada às galinholas do Paleártico Ocidental.

Mas “A Viagem do Maçarico” não se faz só de aves. Alba Villarroya incluiu também no seu rol de entrevistados Fábia Azevedo, do RIAS – Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens no Algarve, ou ainda Sónia Manso e Teresa Ferreira do projecto LIFE BEETLES, dedicado à conservação de três espécies endémicas de escaravelhos nos Açores: carocho-da-terra-brava, laurocho e escaravelho-cascudo-da-mata.

A inspiração para começar “A Viagem do Maçarico” surgiu de um podcast espanhol chamado “La Radio del Somormujo”, contou Alba Villarroya à Wilder. “Neste programa falam de diferentes temas relacionados com a Ornitologia e foi graças a eles que tive a ideia de começar alguma coisa similar em português, adaptando o conteúdo à minha disponibilidade.”

Alba Villarroya, 32 anos, está a trabalhar no departamento de conservação terrestre da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) nos Açores. Coordena a nível regional censos como o Atlas das Aves Nidificantes, o Projeto Arenaria ou o Censo de Milhafres e estuda as interações entre a avifauna e as linhas eléctricas.

Alba Villarroya. Foto: D.R.

“O meu trabalho e a minha vida pessoal estão intimamente ligados às aves. Não existe outra coisa que me produza uma maior felicidade”, conta à Wilder. “Ainda tenho muito para aprender, mas isso também é divertido, estar sempre a aprender coisas novas.” 

Começou a interessar-se por este mundo em 2015, quando teve a sorte de colaborar com uma associação para o censo da migração pós-nupcial no Estreito de Gibraltar. Agora que vive em Portugal, conheceu “pessoas fantásticas que me ensinaram muito e às quais sempre serei grata”.

Esta ornitóloga divide-se entre o seu trabalho na SPEA – em Abril teve a sorte de anilhar estrelinhas de Santa Maria, por exemplo, – e a gravação do podcast “A Viagem do Maçarico”.

“O objetivo do podcast é a divulgação de projetos de conservação, muitas vezes ligados à ornitologia, mas nem sempre”, explica. “Seleciono o conteúdo que acho de interesse para os ouvintes, que têm diferentes níveis de conhecimento, ou seja, um conteúdo mais científico por vezes, e em outras ocasiões, sobre histórias ou curiosidades.”

Este projecto foi feito para chegar a “toda a gente”. “Gosto que seja uma conversa relaxada com os convidados e que os temas surjam enquanto estamos a falar, sem forçar as perguntas. E sempre num âmbito não muito científico para que qualquer pessoa possa perceber do que estamos a falar.”

O primeiro episódio, com o entrevistado Carlos Pereira – que falou sobre Cabo da Praia, um dos melhores locais da Europa para a observação de aves limícolas americanas -, foi lançado a 7 de Fevereiro.

“Comecei a publicar programas em Fevereiro deste ano. Obviamente há alguns programas publicados com muito pouca qualidade de som, e nos quais eu não tenho muito jeito para me expressar em português, mas estou a esforçar-me para trazer um conteúdo de interesse e melhorar a edição.”

Aves marinhas. Foto: Wilder/arquivo

O nome que Alba Villarroya escolheu para o podcast não foi fruto do acaso. “No momento em que estava a pensar em gravar as primeiras entrevistas, tive uma conversa com um amigo sobre uma espécie de maçarico que provavelmente esteja extinta, o maçarico-de-bico-fino (Numenius tenuirostris). A história desta espécie pareceu-me muito interessante e decidi dedicar o nome do podcast às migrações destas aves”, explicou.

Os episódios duram entre 30 e 50 minutos, onde Alba Villarroya conversa com “pessoas que tenham algum percurso em conservação ou conhecimento que possa ser de interesse para os ouvintes”. “No futuro, gostaria de começar a publicar outro tipo de conteúdo, como notícias ou reportagens relacionadas com a Ornitologia”, adianta.

“A sociedade actual ainda tem muito a aprender. Vivemos na época da desinformação e com ‘A Viagem do Maçarico’ quero despertar o interesse do maior número de pessoas não só pelas aves, mas pela natureza em geral.”

Todas as sextas-feiras estão prometidos novos conteúdos, disponíveis nas plataformas iVoox, Spotify e Apple podcast. Pode acompanhar a publicação dos novos episódios nas páginas do Facebook e Instagram, onde Alba Villarroya também partilha notícias e eventos que possam ter interesse para o seu público.


Descubra e acompanhe aqui o podcast “A Viagem do Maçarico”.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.