Lisboa recebe pela primeira vez o melhor da Illustraciencia

Pela primeira vez, as 40 melhores ilustrações do Illustraciencia – Prémio internacional de ilustração científica e naturalista estão expostas em Lisboa. Pode vê-las até 31 de Dezembro na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

 

As ilustrações seleccionadas pelo júri da 5ª edição deste prémio estão expostas no átrio do edifício C6.

Esta edição do concurso, organizado pela Associação Catalã de Comunicação Científica, recebeu 449 ilustrações vindas de 45 países. Catorze portugueses participaram no concurso. A obra vencedora do prémio, no valor de 600 euros e escolhida por um júri – composto por 13 elementos das áreas da comunicação de ciência e ilustração científica -, foi o grupo Garoupas do Mediterrâneo, de Pedro Salgado, ilustrador científico especialista em peixes marinhos.

 

 

Na composição, o ilustrador representou quatro espécies de garoupas (Serranidae): o mero (Epinephelus marginatus), o serrano-de-rolo (Serranus atricauda), o serrano-riscado (Serranus scriba) e o serrano-alecrim (Serranus cabrilla).

A Illustraciencia começou como um projecto para aproximar a Ciência à sociedade através da ilustração. A ideia evoluiu para um prémio internacional que quer dar visibilidade ao trabalho dos ilustradores, independentemente do seu país de origem. Os critérios do júri são o rigor científico, clareza, originalidade e capacidade de divulgação.

Todos os anos, as 40 melhores ilustrações são expostas em vários espaços. Este ano, pela primeira vez são expostas em Portugal, numa iniciativa de Pedro Salgado.

 

 

“Acredito que esta é uma exposição importante para termos uma visão mais global do que se faz em ilustração científica a nível internacional, em especial abordagens e técnicas diferentes”, explicou hoje à Wilder. “Além disso, é importante para termos consciência de que o que se faz em Portugal é tão bom ou melhor do que aquilo que se faz lá fora.”

Esta será uma exposição itinerante, cuja primeira “casa” é a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. “Esta não foi uma escolha ao acaso, houve uma intenção”, acrescentou o ilustrador. A ideia é lembrar que a ilustração científica pode ter um grande impacto na Ciência. “É importante lembrar os cientistas de que a ilustração científica é um recurso de comunicação importantíssimo. Através da imagem podem chegar às pessoas, ao público em geral. Tem uma linguagem universal e uma enorme força.”

Miquel Baidal, coordenador do Prémio Illustraciencia, considera que “a ilustração científica é uma ferramenta imprescindível para compreender e divulgar a Ciência”. É diferente de outras técnicas, como a fotografia, porque nos “permite manipular o elemento a fim de mostrar aquilo que mais nos interessa”.

 

Como ver esta exposição

A primeira coisa a fazer é ver as ilustrações à distância. Depois, é bom “encostar o nariz” às peças, para ver os detalhes.

“Há ilustrações que mostram uma espécie, por exemplo, um escaravelho, de forma sistematizada, com vários ângulos, para mostrar as suas formas. Podemos ver o detalhe e descobrir coisas naquele animal que nos escapariam se tivéssemos o bicho mesmo à nossa frente”, conta Pedro Salgado.

 

 

E depois há outras que contam histórias. “A fronteira entre a ilustração científica e a naturalista é muito ténue. Uma tem uma linguagem mais formal; a outra traz-nos o que veríamos no campo, numa postura mais natural e menos sistematizada, onde podemos ver comportamentos, posturas e o ambiente”, por exemplo.

Mas ambas podem tornar-nos “mais curiosos e incentivar-nos a olhar para as coisas de outra forma”.

De momento, ainda não se conhecem quais os futuros locais onde a exposição vai estar. Mas Pedro Salgado adianta que não tenciona “ter as ilustrações guardadas numa gaveta”.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Maravilhe-se com as melhores ilustrações das edições anteriores da Illustraciencia.

Conheça o atelier de Pedro Salgado.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.