Que espécie é esta: ninho de bico-de-lacre

O leitor Artur Cadete fotografou dois ninhos no seu jardim em São Bernardo, Aveiro, a 23 de Janeiro de 2020 e pediu para saber qual a espécie. Carlos Pacheco responde.

“Encontrei no meu jardim estes dois ninhos. A descoberta foi numa árvore frutífera em São Bernardo, Aveiro, numa zona muito habitada, onde a casa tem um grande quintal. Poderão identificá-los?”, escreveu o leitor à Wilder.

Tratar-se-ão de ninhos de bico-de-lacre (Estrilda astrild).

Espécie identificada por: Carlos Pacheco, biólogo e técnico em projectos de conservação e monitorização de aves selvagens.

“É certamente de um dos tecelões exóticos que temos por cá e apostaria em bico-de-lacre (Estrilda astrild), dado que as restantes com ninhos similares não deverão ocorrer nesse local. Por outro lado, a colocação do ninho e o habitat também são mais compatíveis com essa espécie”, respondeu Carlos Pacheco.

Com origem na África sub-saariana, o bico-de-lacre terá sido introduzido na natureza de forma acidental, fugido de cativeiro. Hany Alonso, da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) diz que esta ave “ocorre em liberdade desde os anos 60, tendo-se expandido de forma notável por grande parte do território continental”. Foi também “introduzida nos arquipélagos da Madeira e Açores (São Miguel)”.

“Prefere vegetação associada a zonas húmidas e pode ser encontrado em toda a faixa litoral e de forma mais abundante nos vales do Tejo, do Mondego e do Vouga”, descreve também.

Possíveis impactos? Compete com espécies autóctones por locais de nidificação e alimento e pode afectar culturas agrícolas.


Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie para o nosso email a fotografia, a data e o local. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.