Que espécie é esta: percevejo-bronzeado-do-eucalipto

A jornalista da Wilder Helena Geraldes fotografou este insecto em Lisboa a 23 de Setembro e quis saber qual a espécie a que pertence. Rui Félix responde.

“Na manhã de dia 23 de Setembro estava sentada num jardim de Lisboa quando este minúsculo insecto pousou no meu caderno. Estava pronta para não lhe dar importância, mas como tinha tempo, decidi reparar nele, nos seu pormenores, nos olhos, nas patas e nas asas, nas cores e nas formas. Gostava de saber o nome daquele que estive a admirar e que tornou a minha espera mais interessante, ajudando o tempo a passar”, escreveu a jornalista.

Trata-se do percevejo-bronzeado-do-eucalipto (Thaumastocoris peregrinus).

Espécie identificada por: Rui Félix, Rede de Estações da BiodiversidadeTagis – Centro de Conservação das Borboletas de Portugal.

“À partida trata-se do minúsculo Thaumastocoridae: Thaumastocoris peregrinus, percevejo exótico considerado praga do eucalipto :)”, explicou Rui Félix.

O percevejo-bronzeado-do-eucalipto é um pequeno insecto que na sua fase adulta mede cerca de 3 mm. Tem cor acastanhada e olhos vermelhos proeminentes.

Este percevejo é originário da Austrália e tem sido introduzido em outras regiões do planeta. Por exemplo, já foi detetado em África (2003), na América do Sul (2005), na Europa (2011), na Nova Zelândia (2012) e em Israel (2015).

“Em Portugal, a primeira deteção ocorreu em 2012, na Tapada da Ajuda, em Lisboa, em Eucalyptus camaldulensis“, segundo o Instituto para a Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

O percevejo pode causar danos aos eucaliptos, uma vez que se alimenta das folhas destas árvores.

“Em 2015 começaram a ser encontrados níveis populacionais elevados de T. peregrinus em povoamentos de Eucalyptus globulus, nas regiões de Lisboa e Vale do Tejo, Centro, Alentejo e Algarve, associados a descoloração nas copas, pelo que se tornou evidente o potencial destrutivo desta nova praga dos eucaliptais.”


Agora é a sua vez.

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Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.