Cavalo-marinho do estuário do Tejo. Foto: Mário Rolim

Cientistas lançam novo projeto para investigar e proteger os cavalos-marinhos do estuário do Tejo

A necessidade de mais trabalhos de monitorização e conservação levaram equipa de investigadores portugueses, em parceria com a ONG SeatheFuture, a lançar uma campanha internacional de angariação de apoios financeiros.

Um dos principal objetivos do novo projeto Tagus Seahorses (“cavalos-marinhos do Tejo”, em português) é perceber quantos cavalos-marinhos habitam o estuário na zona de Almada e também nas áreas ribeirinhas de Lisboa, Oeiras e Barreiro, contribuindo ainda para o estudo e proteção desses peixes.

Esta iniciativa nasce das descobertas já feitas no âmbito do projeto CavALMar, uma parceria entre investigadores do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, ligados ao ISPA, e a Câmara Municipal de Almada. Ao longo de vários meses de 2023, a equipa mergulhou em vários locais da zona ribeirinha do concelho de Almada e confirmou que ali resiste uma pequena comunidade de cavalos-marinhos das duas espécies conhecidas em Portugal – o cavalo-marinho-comum e o cavalo-marinho-de-focinho-comprido.

Agora, os mesmos investigadores preparam-se para realizar mergulhos “em diferentes localizações costeiras entre Paço d’Arcos, Doca de Stº Amaro, Terreiro do Paço, Parque das Nações, Seixal, Barreiro, Montijo, Samouco e Alcochete”, anuncia uma nota de imprensa divulgada pela Sea the Future, que lançou uma campanha com o objetivo de reunir 5020 euros em apoios para esta iniciativa.

O objetivo é “comprovarem a existência de novas populações de cavalos-marinhos, contabilizar a sua densidade populacional, bem como identificar riscos dos habitats e mapear eventuais relocalizações para a sua conservação”, explica a SeatheFuture. Os resultados vão ainda “permitir desenhar um plano de ação” rumo à proteção destes animais.

De acordo com esta ONG, fundada em 2023, nos primeiros 12 meses de atividade foi possível angariar 73.000 euros para apoiar diferentes iniciativas de conservação ligadas ao oceano, em vários pontos do mundo, que trabalham para a conservação de tartarugas, golfinhos-corcunda, petréis, abelhas para a conservação de mangais e outros. O Tagus Seahorses é o décimo projeto – e o primeiro em Portugal – apoiado através desta associação.

Os cavalos-marinhos da Trafaria vivem num ambiente muito degradado e é extremamente importante monitorizar e acompanhar as tendências populacionais ao longo do tempo, para desenvolvermos ações de conservação e não perdermos esta população”, sublinha Gonçalo Silva, investigador do MARE – ISPA que lidera o novo projeto, citado na nota de imprensa. “Através da colaboração com a SeatheFuture vamos ter a oportunidade de explorar novos locais e possivelmente descobrir outros núcleos com importância para conservação.”

“Acima de tudo, este projeto vem demonstrar a resiliência e capacidade de adaptação dos ecossistemas marinhos às portas de uma grande capital europeia, facto que nos dá mais força para perseguirmos a nossa missão e também esperança na regeneração do oceano em grande escala”, acredita por sua vez Assunção Loureiro, diretora-geral da associação.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.