Lagoa da Sancha. Foto: JCF
/

Dez Zonas Húmidas portuguesas que deve conhecer

Em Portugal, as zonas húmidas são consideradas importantes locais de paragem para descanso e alimentação de muitas aves aquáticas. Até hoje, 31 destas zonas foram classificadas como Sítios Ramsar, num total de 132.487,7 hectares distribuídos pelo território continental e pelos Açores, sendo por isso consideradas parte da Lista de Zonas Húmidas com Importância Internacional.

 

Apesar de estas serem zonas com maior visibilidade e por isso com mais protecção, há organizações ambientalistas preocupadas.

Ainda hoje, a Quercus alertou para a necessidade de uma estratégia de conservação destes locais, “sujeitos a uma forte degradação” originada por ameaças como a poluição da água, políticas erradas de ordenamento do território e incêndios florestais, proliferação de espécies exóticas como o jacinto-de-água e o lagostim-vermelho e a utilização de munições de chumbo na caça.

Por seu turno, a Zero – Associação Sistemas Terrestres e o FAPAS – Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens assinam um comunicado conjunto onde sublinham que 81,6% dos habitats de zonas húmidas estão em perigo em Portugal, especialmente as lagunas costeiras, os charcos temporários mediterrânicos ou as turfeiras de transição e turfeiras ondulantes. e chamam a atenção para a falta de planos de ordenamento em qualquer dos estuários. Uma das ameaças mais presentes é o turismo de massas, alertam.

 

No Dia Mundial das Zonas Húmidas, a Wilder sugere-lhe uma visita a dez zonas húmidas portuguesas classificadas como Sítios Ramsar:

 

  1. Paul de Arzila
Foto: ICNF

 

O Paul de Arzila, no Baixo Mondego, foi classificado como sítio Ramsar em Maio de 1996. Nesta área de 585 hectares, predominam zonas de caniçais e salgueiros. A águia-sapeira, o goraz, a garça-vermelha e a águia-cobreira são algumas das 126 espécies de aves que se podem ali observar. Este paul está também classificado como reserva natural.

 

  1. Polge de Mira Minde (Serra de Aire e Candeeiros)
Foto: ICNF

 

Classificado como Sítio Ramsar desde Dezembro de 2005, o Polje de Mira Minde ocupa 662 hectares. A zona classificada inclui as nascentes do Almonda, do Alviela e de Vila Moreira. É conhecido pelos níveis de flutuação extrema dos níveis de água ao longo do ano, por se encontrar numa zona calcária. Faz parte do Parque Natural da Serra e Aire e Candeeiros.

 

  1. Paul do Boquilobo
Colhereiro, no Paul do Boquilobo. Foto: Fernando Canais / ICNF

 

Classificado também como Reserva Natural do Paul do Boquilobo, está situado na margem esquerda do rio Tejo, nas planícies próximas da Golegã. Esta área de 529 hectares é considerada um Sítio Ramsar desde Maio de 1996. É um importante local para as populações invernantes de arrabio (Anas acuta) e de outras espécies de patos.

 

  1. Estuário do Tejo
Visita no EVOA, na zona do Estuário do Tejo. Foto: Laurentino Simão
Visita no EVOA, na zona do Estuário do Tejo. Foto: Laurentino Simão

 

Com os seus 14.563 hectares, foi uma das primeiras zonas do país a ser classificada como Sítio Ramsar, em Novembro de 1980. Esta zona é importante para a lontra Lutra lutra e para 16 espécies de aves – incluindo populações invernantes ou migratórias de flamingos, alfaiates e tarambolas-cinzentas e pernilongos, neste último caso como local de nidificação.

 

    1. Lagoa de Albufeira
Galinha-sultana, na Lagoa Pequena (na zona da Lagoa de Albufeira). Foto: Paulameric / Wiki Commons

 

Situada na região de Sesimbra, a Lagoa de Albufeira está registada como Sítio Ramsar desde Maio de 1996. Separada do oceano por um cordão de dunas, esta área é considera um importante local de paragem para muitas espécies migratórias, que ali se observam especialmente durante o Outono.

 

    1. Estuário do Sado
Foto: JCF

 

Também classificado como Sítio Ramsar desde Maio de 1996, o Estuário do Sado é também considerado uma Reserva Natural. Com um total de 25.588 hectares, é conhecido como uma zona extremamente importante para muitas espécies de aves aquáticas, incluindo garças e flamingos. A lontra (Lutra lutra) e o gato-bravo (Felis silvestres) são alguns mamíferos ali presentes, tal como uma população residente de golfinhos-roazes, no Sado.

 

  1. Lagoas de Santo André e da Sancha
Lagoa da Sancha. Foto: JCF

 

Ocupam 2.638 hectares e fazem parte da lista de Sítios Ramsar desde 1996, estando igualmente classificadas como reserva natural. Esta área de lagoas costeiras, no Litoral Alentejano, é um importante refúgio para muitos passeriformes e aves aquáticas, nomeadamente o galeirão. O rouxinol-pequeno-dos-caniços e a felosa malhada são outras das muitas espécies que ali se podem observar.

 

  1. Ria de Alvor
Foto: Aires Almeida / Wiki Commons

 

Próxima das localidades algarvias de Portimão e Lagos, a Ria de Alvor é na verdade uma zona de laguna costeira, separada do oceano por dois bancos de areia, no estuário do rio Alvor. Classificada desde Maio de 1996, ocupa 1454 hectares e é importante especialmente pela vida aquática, incluindo a produção de crustáceos. Alberga também importantes populações de aves como o pernilongo e o borrelho-de-coleira-interrompida, e de anfíbios como a rã-de-focinho-pontiagudo e o sapo-corredor.

 

  1. Ria Formosa
Foto: ICNF
Foto: ICNF

 

Integrada na lista de Sítios Ramsar desde Novembro de 1980, foi uma das primeiras zonas húmidas portuguesas assim classificadas. Classificada também como parque natural, a Ria Formosa ocupa 16.000 hectares na região do Sotavento Algarvio e é formada por um sistema complexo de lagunas e ilhas-barreira. É considerada importante para diversas populações de aves aquáticas, como garças e caimões. Abriga ainda várias espécies endémicas de flora e é uma zona importante de maternidade para peixes.

 

  1. Sapal de Castro Marim
Foto: ICNF
Foto: ICNF

 

Igualmente situado no Sotavento Algarvio, já próximo da fronteira com Espanha, este sítio Ramsar ocupa 2.235 hectares,
assim classificados desde Maio de 1996. Considerado uma importante zona de água doce numa das regiões mais secas do país, o Sapal de Castro Marim abriga grandes populações não nidificantes de flamingos e colhereiros, tal como outras aves aquáticas.

 

[divider type=”thin”]Agora é a sua vez.

Torne-se um perito e conheça sete espécies que precisam das zonas húmidas e aprenda também a identificar pegadas de lontras, ginetas, texugos e raposas.

 

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.