Pardilheira. Foto: Comunidad de Madrid

Libertados em Madrid 20 exemplares do pato mais ameaçado da Europa

As libertações aconteceram a 18 de Março nas Lagunas de El Portal, em Rivas Vaciamadrid, na Comunidade de Madrid, para ajudar a travar o desaparecimento da pardilheira (Marmaronetta angustirostris) em Espanha. Esta é a espécie de pato mais ameaçada da Europa.

Os 20 patos foram libertados naquelas lagoas do Parque Regional de Sureste “para reintroduzir esta espécie protegida e contribuir para a sua fixação na região”, segundo um comunicado da Comunidad de Madrid.

Pardilheira. Foto: Comunidad de Madrid

Esta é a terceira vez que esta espécie é reintroduzida nesta área protegida e as autoridades esperam que esta nova população de pardilheira possa ligar-se às outras já existentes na região.

O conselheiro para o Ambiente, Carlos Novillo, salientou que esta iniciativa “vai aumentar a biodiversidade da fauna selvagem autóctone e dar continuidade às duas anteriores de 2022 e 2023”.

As 20 aves, que vieram da Comunidade Valenciana – onde vive a maior população da espécie em Espanha – já tinham sido aclimatadas previamente num espaço amplo e vedado, situado perto da água, onde estiveram a ser vigiadas e obter alimentação suplementar para o seu bem-estar.

Os técnicos de Ambiente já tinham estudado a compatibilidade com as populações de aves aquáticas existentes no local e constataram o bom desenvolvimento das pardilheiras reintroduzidas anteriormente.

Libertação de uma pardilheira. Foto: Comunidad de Madrid

A pardilheira é uma das sete espécies classificadas como em situação crítica em Espanha – até meados do século XX, a pardilheira era abundante nas zonas húmidas costeiras mediterrânicas, especialmente em Doñana – e é a espécie de pato mais ameaçada da Europa. Em Portugal está Regionalmente Extinta.

Nas últimas décadas, o seu declínio foi tão drástico que esta espécie de interesse comunitário passou a estar Criticamente Em Perigo de extinção. Em 2020 apenas foram registados 45 casais reprodutores em Espanha, que é quase o único local de distribuição desta espécie na Europa.

“A perda e degradação do habitat é a sua maior ameaça e põe em causa a própria sobrevivência da espécie. As zonas húmidas sofrem o impacto da seca, da poluição, da proliferação de barreiras artificiais e outras ameaças causadas por actividades humanas”, segundo o ministério espanhol para a Transição Ecológica e Desafio Demográfico (Miteco).

Nos últimos anos, autoridades ambientais autonómicas e da administração central e organizações não governamentais uniram-se para tentar recuperar esta espécie. Uma das acções no terreno é o projecto LIFE Cerceta Pardilla, coordenado pela Fundación Biodiversidad do Miteco até 2025. O objectivo é melhorar o estado de conservação e restaurar 3.000 hectares de zonas húmidas para travar o risco de extinção da pardilheira.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.