Foto: Joana Bourgard

Madrid aprova 2 milhões de euros para conservar espécies Criticamente em Perigo

O Conselho de Ministros espanhol aprovou 2.090.010 milhões de euros, propostos pelo Ministério para a Transição Ecológica, para apoiar a conservação de cinco espécies de animais e plantas em Perigo Critico de extinção.

 

O financiamento, aprovado pelo Conselho de Ministros a 3 de Agosto, tinha sido acordado a 26 de Julho durante a Conferência Sectorial de Ambiente, onde se definiram as prioridades e o orçamento para 2018 do Fundo do Património Natural e da Biodiversidade.

As cinco espécies são o tetraz (Tetrao urogallus cantabricus), o visão-europeu (Mustela lutreola), a ostra de água doce (Margaritifera auricularia), a pardilheira (Marmaronetta angustirostris) e a planta Cistus heterophyllus.

Em concreto, com este montante serão apoiados projectos nas comunidades autónomas onde ocorrem essas espécies ou onde se geram ameaças que possam afectar o seu estado de conservação.

O maior investimento está previsto para Castela-Leão, onde 827.603,83 serão dedicados ao programa de conservação ex-situ do tetraz, que inclui a criação de um novo centro de reprodução em cativeiro desta ave, reforçando os trabalhos que se realizam no Principado das Astúrias e oferecerá maior cobertura a toda a cordilheira cantábrica.

Além disso, os esforços para a conservação da espécie no Principado das Astúrias serão apoiados por 42.865,60 euros.

Actualmente, o tetraz distribui-se por uma área inferior a 600 quilómetros na cordilheira Cantábrica e a sua população regista um continuado declínio nas últimas décadas.

Castela-Leão vai receber fundos para a conservação da ostra de água doce (Margaritifera auricularia), o molusco de água doce mais ameaçado de Espanha. As suas populações, drasticamente reduzidas desde os princípios do século XX, apenas ocorrem no rio Ebro. Ali serão realizados trabalhos de prospecção e identificação de novas áreas potenciais de presença da espécie.

Também em Castela-Leão, onde se destinarão um total de 1.180.741,55 euros, serão dedicados fundos para a conservação do visão europeu.

 

Visão europeu. Foto: AndrewIves/Wiki Commons

 

Outras três comunidades autónomas receberão fundos para a conservação do visão europeu, um dos mamíferos mais ameaçados do mundo. Cantábria vai receber 43.386 euros, Aragão vai rceber 136.377 euros e La Rioja receberá 282.074 euros. Hoje apenas existem três populações da espécie na Rússia e Roménia, no Delta do Danúbio, e numa pequena população no Sudoeste de França e Norte de Espanha. Todos estes três núcleos estão em declínio. Já em Abril de 2017, a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) apelou ao Governo espanhol que monte um plano com “acções concretas” de conservação e recuperação do visão-europeu no país.

Os projectos de conservação de outras duas espécies seriamente ameaçadas completam a distribuição do Fundo do Património Natural e da Biodiversidade. Trata-se da pardilheira (Marmaronetta angustirostris), uma espécie de pato até há umas décadas muito abundante em Espanha mas que sofreu uma quebra nas suas populações e hoje está ameaçada. E a planta Cistus heterophyllus, planta que chegou a dar-se como extinta e que hoje conta com escassas populações nas províncias de Murcia e Valencia.

Para a conservação da pardilheira, as Ilhas Baleares vão receber 175.813 euros, destinados à reintrodução de exemplares e o restauro de zonas húmidas; a Comunidade Valenciana receberá 147.151 euros para os seus trabalhos de restauro de habitats na zona húmida de El Hondo e para seguimento de exemplares. Múrcia recebe 81.600 euros para diversas acções de recuperação da planta.

Além disso, o Conselho de Ministros aprovou a distribuição de compensações nas áreas de influência da Rede de Parques Nacionais. Serão dedicados três milhões de euros ao desenvolvimento sócio-económico das localidades dentro daqueles espaços naturais. Estes fundos permitem realizar tarefas de conservação, melhoria de acessibilidades e promoção de actividades para favorecer o desenvolvimento sócio-económico da zona.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.