Percebes. Foto: Wilder (arquivo)

Mariscadores pedem moratória à apanha de percebes na Reserva das Berlengas

Os 40 mariscadores licenciados para a apanha de percebe na Reserva Natural das Berlengas pediram uma moratória durante o estado de emergência no contexto da pandemia Covid-19. Por questões comerciais e de saúde pública e para permitir aos percebes recuperarem.

 

A época de defeso obrigatório para a apanha do percebe (Pollicipes pollicipes) na Reserva Natural das Berlengas, classificada pela UNESCO como Reserva da Biosfera, terminou no final de Março.

Mas os 40 mariscadores licenciados para a apanha deste crustáceo marinho naquela área protegida pediram à Direcção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Recursos Marítimos (DGRM) o fecho da actividade até que estejam reunidas todas as condições de segurança. Esta entidade elaborou um despacho, que se espera ser publicado.

Os mariscadores a operar  tomaram esta iniciativa devido a questões comerciais e de saúde pública.

A decisão já foi saudada pelas entidades parceiras no projeto Co-Pesca 2.

“Quando aprovada, a decisão de fechar a apanha será benéfica não só em termos de saúde pública, mas também para o próprio recurso (o percebe), que terá mais tempo para recuperar da exploração anterior”, segundo um comunicado da Associação Natureza Portugal (ANP) – WWF enviado hoje à Wilder.

“Desta forma, espera-se que no fim desta moratória, os mariscadores tenham uma maior disponibilidade de percebe de maiores dimensões que terá um valor comercial mais elevado.”

O Co-Pesca 2 é um projecto que pretende implementar um comité de cogestão para a apanha de percebe na Reserva Natural das Berlengas e promover a cooperação entre autoridades, mariscadores, cientistas e organizações não governamentais para uma gestão sustentável da atividade.

Este projecto iniciou-se em 2018 e é liderado pelo Polo MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente do Instituto Politécnico de Leiria (MARE-Politécnico de Leiria), integrando a Associação Natureza Portugal em associação com a WWF (ANP|WWF), o Polo MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente da Universidade de Évora (MARE-UÉvora) e o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) que trabalham directamente com os 40 mariscadores.

Para além destes, a DGRM, a Unidade de Controlo Costeiro da Guarda Nacional Republicana (UCC-GNR), a Câmara Municipal de Peniche, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), a Plataforma de Organizações não Governamentais pela Pesca (PONG-Pesca), a Associação Local Arméria, a Docapesca e a Capitania do Porto de Peniche fazem parte das entidades que têm contribuído e participado na gestão mais sustentável do recurso percebe da Reserva Natural das Berlengas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.