Portugal escondido: 16 fotografias revelam como é a vida no (futuro) parque natural marinho do Algarve

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Dezasseis fotografias revelam os animais e as plantas que vivem no futuro Parque Natural Marinho do Recife do Algarve – Pedra do Valado, cuja consulta pública terminou a 4 de Agosto.

A classificação desta área marinha protegida com 156 quilómetros quadrados – que inclui a área entre o Farol de Alfanzina, limite oeste, e a marina de Albufeira, nos municípios de Albufeira, Lagoa e Silves – está agora mais próxima.

A 4 de Agosto terminou a Consulta Pública do Acto de Classificação do Parque Natural Marinho do Recife do Algarve – Pedra do Valado, coordenada pelo ICNF (Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas). “Esta consulta revelou uma forte participação, abrangente e heterogénea, com 160 comentários e 86 documentos submetidos”, segundo um comunicado do Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve e da Fundação Oceano Azul.

Entre as entidades participantes estão os municípios de Albufeira, Lagoa, Silves, Loulé e Faro, associações de pescadores, indústria hoteleira, agrupamentos escolares, empresas marítimo-turísticas, escolas de mergulho, várias organizações não governamentais e instituições científicas.

“A consulta pública (…) assenta numa proposta construída através de um processo participativo inédito: nascido, promovido e dinamizado pela comunidade, contou com o envolvimento de mais de 70 entidades e é baseado numa sólida fundamentação científica. Passados dois anos sobre a entrega desta proposta ao Governo, durante os quais o envolvimento dos algarvios foi permanente, a resposta da sociedade civil revelou-se forte, em especial por decorrer em pleno verão e típica época de férias.”

A área marinha da costa de Albufeira, Lagoa e Silves é “uma das zonas mais ricas em termos de biodiversidade a nível nacional, sendo um dos maiores recifes rochosos costeiros de Portugal com valores naturais ímpares no contexto da costa portuguesa”, salientou, anteriormente, o Ministério do Ambiente e da Acção Climática.

“As áreas marinhas protegidas, quando devidamente desenhadas e implementadas, produzem mais peixes, peixes maiores e sustentam uma maior diversidade de espécies”, segundo o mesmo comunicado. “Por sua vez, podemos ter uma atividade económica mais valorizada, com maior retorno para a pesca, um turismo mais sustentável, valorizando os territórios, as atividades e os produtos do mar protegendo e valorizando este capital natural e garantindo os interesses e necessidades da comunidade que dele depende.”

Conheça, então, algumas das muitas espécies que vivem nestas águas, através de 16 fotografias da Fundação Oceano Azul.


Saiba mais sobre este Parque Natural Marinho.

Foi em Maio de 2021 que a Fundação Oceano Azul e o CCMAR – Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve entregaram ao Governo a proposta de criação deste Parque Natural Marinho.

No total, os cientistas encontraram 889 espécies na área do futuro parque marinho, incluindo 703 invertebrados, 111 peixes e 75 algas. De todas estas espécies, 19 têm um estatuto de protecção, como é o caso dos cavalos-marinhos e do mero. Há ainda 45 espécies novas para Portugal, entre as quais 12 novas para a ciência, que nunca tinham sido observadas em mais nenhum local.

Na área são conhecidos também seis novos habitats identificados na costa sul do Algarve – incluindo os jardins de gorgónias (corais em forma de leque), protegidos pela convenção OSPAR – Convenção para a Protecção do Meio Marinho do Atlântico Nordeste, e ainda comunidades de algas castanhas e calcárias e de bancos de ofiurídeos (seres aparentados com as estrelas-do-mar). Outro habitat protegido são as pradarias de ervas marinhas (Cymodocea nodosa).

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.