Coelho-bravo. Foto: Liz Poon, CSIRO/Wiki Commons

Proibida caça ao coelho-bravo em São Miguel

Desde 29 de Dezembro é proibido caçar coelho-bravo na ilha açoriana de São Miguel por causa de um novo surto da Doença Hemorrágica Viral (DHV), segundo a Secretaria Regional da Agricultura e Florestas.

 

A população de coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus) – espécie de extrema importância nos ecossistemas Mediterrânicos por ser uma das principais presas da maior parte dos predadores da Península Ibérica – está a ser afectada por este novo surto da da nova variante da DHV, a DHV2.

Esta nova variante, que afecta não só coelhos adultos mas também coelhos juvenis, chegou ao continente português em 2012/2013 e aos Açores em Novembro de 2014. A ilha Graciosa foi a primeira a ser afectada.

Segundo o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV), estes surtos têm reduzido o “tamanho das populações naturais de coelho-bravo, as quais têm sido sujeitas a recorrentes episódios de declínio, com a ocorrência de extinções locais”.

Em São Miguel, a Secretaria Regional da Agricultura e Florestas decidiu proibir a caça ao coelho e a libertação de cães de caça em qualquer tipo de terreno onde exista ou ocorra fauna cinegética. O objectivo, explica, é “minimizar a disseminação da doença, até que seja determinado o fim do surto e os seus efeitos na população do coelho-bravo local sejam devidamente avaliados”.

De acordo com a Secretaria de Estado, o vírus transmite-se por contacto direto entre coelhos doentes, contato com material orgânico proveniente de coelhos doentes ou através de vetores vivos e de objetos contaminados, podendo os caçadores e os cães de caça funcionar como um meio de disseminação da doença.

Nos Açores está a decorrer desde 2015 um estudo sobre a evolução da Doença Hemorrágica Viral (DHV2), implementado pela Direção Regional dos Recursos Florestais, com a colaboração do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto (CIBIO-UP).

A nível nacional, o combate à doença passa pelo Grupo de Trabalho +Coelho, criado na sequência do Despacho nº 4757/2017, de 31 de Maio, do Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural. Os objectivos deste Grupo são “desenvolver uma estratégia e medidas de controlo da Doença Hemorrágica Viral dos Coelhos” e “inverter o processo de declínio continuado das populações de coelho-bravo”.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.