Mocho-galego. Foto: Andy Morffew/Wiki Commons

O que andam as aves nocturnas a fazer nesta altura?

As noites ainda longas são uma excelente oportunidade para ouvir aves noturnas, e algumas espécies são especialmente vocais nesta altura em que se preparam para nidificar. Para outras, o fim do inverno é sinal de partida. Hany Alonso e Sonia Neves, da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), contam-nos tudo o que se passa.

A cantar e nidificar

Em Fevereiro e Março muitos casais de coruja-das-torres começam a pôr os seus ovos, que vão incubar durante cerca de um mês. Esta espécie cosmopolita, que vive em Portugal durante todo o ano, chega a pôr mais de 10 ovos (embora o número seja muito variável) e frequentemente tem crias de diferentes idades numa mesma ninhada.

Também o bufo-pequeno põe os ovos nesta altura: geralmente, três a cinco. Embora seja uma das nossas rapinas noturnas mais discretas e menos vocais, é entre janeiro e março que esta espécie mais se faz ouvir.

Bufo-pequeno. Foto: Jwh/Wiki Commons

Já a coruja-do-mato é uma das espécies mais vocais, mais comuns e com distribuição mais generalizada no nosso país. Sendo uma ave florestal, é menos frequente em habitats mais abertos, mas pode ser encontrada em áreas arborizadas mesmo nos maiores centros urbanos e o seu canto pode ser ouvido durante todo o ano. Não existe muita informação sobre a reprodução desta espécie, mas sabe-se que em fevereiro já há casais a nidificar.

Coruja-do-mato. Foto: Peter Trimming/Wiki Commons

Uma espécie que é particularmente vocal por estes dias é o mocho-galego, que pode ser ouvido facilmente entre fevereiro e abril. Em abril e maio, o mocho-galego põe os ovos num ninho localizado geralmente num muro, num amontoado de pedras, na cavidade de uma árvore ou em ruínas de casas. A espécie é relativamente comum e pode ser encontrada por todo o território continental, sobretudo em paisagens com mosaico agrícola, montados de azinho e olivais.

Mocho-galego. Foto: Andy Morffew/Wiki Commons

Já o maior dos mochos e corujas do nosso país, o bufo-real, começa agora a ouvir-se menos, pois está numa fase mais adiantada da reprodução: a maioria dos casais já terá posto os ovos em janeiro e fevereiro, em ninhos nas fragas.

Juvenis de bufo-real no ninho, numa árvore. Foto: Bela.s/Wiki Commons

A caminho do norte…

Em fevereiro e março, muitas das corujas-do-nabal que vieram a Portugal passar o inverno iniciam a sua viagem de regresso ao Norte da Europa. A elas juntam-se outras que estão no nosso país apenas de passagem, entre territórios de invernada mais a sul e zonas de nidificação a norte. Até abril, poderá ainda ver algumas destas aves nas principais zonas húmidas do país, onde regressarão em setembro.

Coruja-do-nabal. Foto: Ólafur Larsen/Wiki Commons

…e a chegar do sul

Em março, chegam os mochos-de-orelhas que vêm reproduzir-se ao nosso país. Procuram uma cavidade numa árvore em bosques pouco densos, ou mesmo em jardins ou pomares, para fazer o ninho. Esta espécie pode ser observada um pouco por todo o país, embora seja claramente mais abundante no nordeste.

Mocho-de-orelhas. Foto: Álvaro Rodríguez Alberich

Agora é a sua vez.

Esteja atento aos sons das aves noturnas e participe no programa NOCTUA-Portugal. Para saber mais sobre os resultados mais recentes desta monitorização, veja aqui.

Descubra também os sons de seis aves que pode ouvir nas noites de Inverno.


Conte as Aves que Contam Consigo

A série Conte as Aves que Contam Consigo insere-se no projeto “Ciência Cidadã – envolver voluntários na monitorização das populações de aves”, dinamizado pela SPEA em parceria com a Wilder – Rewilding your days e o Norwegian Institute for Nature Research (NINA) e financiado pelo Programa Cidadãos Ativos/Active Citizens Fund (EEAGrants), um fundo constituído por recursos públicos da Islândia, Liechtenstein e Noruega e gerido em Portugal pela Fundação Calouste Gulbenkian, em consórcio com a Fundação Bissaya Barreto.