Afinal, ninhada no Vale do Guadiana não tem três mas quatro crias de lince-ibérico

Afinal não são três mas sim quatro as crias de lince-ibérico de Lagunilla, no Vale do Guadiana, revelaram esta manhã os responsáveis pelo projecto de conservação. Esta é a primeira foto da família completa.

 

Inicialmente, as imagens captadas pelas câmaras de foto-armadilhagem apenas mostraram três crias com Lagunilla, nos campos do Parque Natural do Vale do Guadiana. Estávamos em meados de Maio e as crias tinham cerca de dois meses de idade.

Hoje, e após cerca de um mês de seguimento fotográfico, foi confirmada que esta é uma ninhada de quatro linces e não de três. “Pela primeira vez os animais surgiram todos juntos na mesma imagem, a cerca de 500 metros do local onde foram detetados anteriormente”, escreve o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) em comunicado enviado à Wilder.

 

Ninhada de Lagunilla. Foto: ICNF

 

Lagunilla tem dois anos de idade, nasceu no Centro de Reprodução de Zarza da Granadilla em Espanha e foi libertada a 11 de Maio de 2015 na Herdade das Romeiras no âmbito do Projeto “Recuperação da Distribuição Histórica do Lince Ibérico (Lynx pardinus) em Espanha e Portugal (Iberlince), a decorrer até 2017. Por estes dias, anda acompanhada por quatro crias.

“Ninhadas de quatro exemplares não são muito comuns, nem a sobrevivência de todas as crias ao final do terceiro mês de vida”, acrescenta o instituto. Para o ICNF, este é um indicador de que a região tem “condições favoráveis à estabilização de uma população futura de lince”.

Actualmente há duas ninhadas confirmadas no Vale do Guadiana, a de Lagunilla e a de Jacarandá, com duas crias.

Hoje viverão no Parque Natural do Vale do Guadiana 15 linces-ibéricos adultos. Nove deles foram reintroduzidos em 2015 e seis já este ano. Outras duas linces acabaram por morrer, Kayakweru e a Myrtilis. Estes 15 linces vivem preferencialmente numa zona que tem entre 15.000 e 20.000 hectares, dentro dos 70.000 da área do Parque Natural do Vale do Guadiana. “É essa a área de maior qualidade para o lince. Há boas densidades de coelho-bravo, há bastante vegetação arbustiva que proporciona abrigos, como estevas, zambujeiros, aroeiras e algumas azinheiras”, descreveu Pedro Rocha, director da área protegida, à Wilder no mês passado.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez. Saiba o que fazer quando vir um lince.

Ver linces-ibéricos em Portugal já não é assim tão impossível. É preciso estar preparado. Pedro Rocha, director do Parque Natural do Vale do Guadiana, deixa algumas sugestões que podem ajudar à conservação da espécie.

Se vir um lince deve ter atenção à cor da coleira, já que cada animal reintroduzido traz uma coleira emissora de cor diferente. Por exemplo, a Jacarandá tem uma coleira vermelha. Depois, o Parque Natural do Vale do Guadiana agradece o seu contacto para:

Telefone: 286.612.016

Email: [email protected]

E há que ter muita atenção aos sinais da estrada entre Mértola e Beja. “Os linces estão nessa zona. A sério. Aqueles sinais não são só folclore. Há linces a passar”, salienta Pedro Rocha. Existem mais hipóteses de os encontrar durante os períodos crepusculares (ao amanhecer e ao anoitecer), já que é quando os animais estão mais activos.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Saiba como é cuidar dos linces no Vale do Guadiana e quantos linces nascidos em Silves já foram pais na natureza.

Siga a nossa série “Como nasce um lince-ibérico” e conheça os veterinários, video-vigilantes, tratadores e restante equipa do Centro Nacional de Reprodução (CNRLI) em Silves.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.