Oceanos. Foto: David Mark/Pixabay

Há 14 milhões de toneladas de microplásticos no fundo dos oceanos

Cientistas australianos estimaram a quantidade de microplásticos no fundo dos oceanos do planeta: 14 milhões de toneladas, mais de o dobro do que existe à superfície.

A Agência Nacional australiana de Ciência (CSIRO, sigla em inglês) revelou ontem os resultados de um estudo, publicado na revista Frontiers in Marine Science, com a primeira estimativa mundial da quantidade de microplásticos (pedaços de plástico com menos de cinco milímetros de diâmetro) no fundo dos oceanos.

Investigadores australianos analisaram amostras de sedimentos recolhidos com a ajuda de um submarino robótico a 3.000 metros de profundidade, em locais até 380 quilómetros da costa do Sul da Austrália.

“Os plásticos que acabam nos oceanos deterioram-se e fragmentam-se, acabando como microplásticos”, explicou, em comunicado, Justine Barrett, da CSIRO. “E mesmo o oceano profundo é susceptível ao problema da poluição por plásticos. O nosso estudo mostra que os microplásticos estão a enterrar-se no fundo dos oceanos.”

Todos os anos, milhões de toneladas de plástico entram no ambiente marinho e tudo indica que continuem a aumentar nos próximos anos.

“Com base nas densidades de plásticos no fundo do mar encontradas, e escalando à dimensão dos oceanos, calculámos a estimativa global dos microplásticos no fundo do mar”, escrevem os investigadores.

“O oceano profundo é um depósito de microplásticos”, comentou Denise Hardesty, da CSIRO e co-autora do estudo. “Ficámos surpreendidos por encontrar tão grandes quantidades de microplásticos em zonas tão remotas.”

O número de fragmentos de microplásticos no fundo do mar era, geralmente, maior em áreas onde também havia lixo à superfície.

“Os microplásticos estão por toda a coluna de água”, explicou Hardesty ao jornal The Guardian. “Isto faz-nos parar para pensar no mundo em que vivemos e no impacto dos nossos hábitos de consumo naquilo que é considerado um lugar pristino.”

Os investigadores acreditam que este estudo vai ajudar a compreender melhor a extensão do problema.

“Todos podemos ajudar a reduzir os plásticos que acabam nos nossos oceanos, evitando plásticos de uso único, apoiando as indústrias de reciclagem de resíduos e separando o nosso lixo cuidadosamente, para que não acabe no ambiente”, acrescentou.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.