Morte de 10 grifos em Israel é um duro golpe nesta população vulnerável

Dez grifos (Gyps fulvus), com entre 1 a 16 anos de idade, foram encontrados mortos a 24 e 27 de Outubro em Israel. Este envenenamento é um duro golpe numa população vulnerável de apenas 200 aves, alertou a Vulture Conservation Foundation (VCF).

A 24 de Outubro, informações preocupantes de GPS relativas a alguns grifos puseram em alerta a Autoridade de Israel da Natureza e Parques (INPA).

Rapidamente uma equipa de técnicos acorreu ao local em Nahal Kina e Nahal Kamirir para averiguar a situação das aves. Quando chegaram, depararam-se com um desastre de conservação: nove carcaças de grifos e uma cabra morta.

Foto: INPA

A equipa da INPA, com a ajuda de um cão, percorreram a zona à procura de eventuais iscos envenenados ou vítimas, para remover o veneno do terreno e recolher provas. Além disso, os técnicos visitaram colónias vizinhas para ver se estava tudo bem com as aves e espalharam alimento nas estações de alimentação, tentando assim evitar mais mortes de abutres por comerem carne envenenada que possa estar na zona.

Os técnicos conheciam os grifos e, através das suas anilhas, identificaram os indivíduos, com idades entre 1 e 16 anos. “As particularidades deste caso apontam para envenenamento”, segundo um comunicado da VCG. A 26 de Outubro, a INPA confirmou o envenenamento como causa das mortes.

A 27 de Outubro foi encontrado outro grifo morto, também com sinais de envenenamento, ao lado de dois cães mortos.

“Considerando que restam hoje cerca de 200 grifos em Israel, este episódio de envenenamento fez desaparecer 5% de toda a população”, denunciou a VCF.

Foto: INPA

Actualmente está a decorrer uma investigação à morte destes abutres. As carcaças das 10 aves foram levadas para análise do Instituto Veterinário Beit Dagan.

O uso ilegal de iscos envenenados é a maior ameaça aos abutres em todo o mundo, segundo a VCF. “O envenenamento não só ameaça os abutres como põe em risco a natureza, os animais e as pessoas”, salienta esta Fundação.

Em Portugal, o grifo tem um estatuto de conservação Quase Ameaçado, de acordo com o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. É uma espécie que está presente no nosso país ao longo de todo o ano, mas faz movimentos amplos fora da época de reprodução, surgindo então noutras zonas do território.

Em Portugal nidificam algumas centenas de casais de grifos, mas a sua distribuição é fortemente assimétrica. Segundo a Palombar – Associação de Conservação da Natureza e do Património Rural, o grifo distribui-se sobretudo pelo interior do território nacional, sendo mais comum junto à fronteira com Espanha. As principais zonas de reprodução situam-se no Nordeste Transmontano, que alberga mais de metade da população portuguesa desta espécie.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.