Quebra-ossos. Foto: Francesco Veronesi/Wiki Commons

De Espanha à Grécia, voluntários contaram 617 abutres quebra-ossos

Os resultados preliminares das contagens deste abutre emblemático, que em Portugal está a ser alvo de um projecto, foram agora anunciados pela Vulture Conservation Foundation.

Espanha, França, Itália, Suíça, Alemanha, Áustria, Bulgária e Grécia foram os países europeus onde mais de 1124 voluntários se dedicaram à contagem de abutres quebra-ossos (Gypaetus barbatus). Foram observados 617 quebra-ossos no total, em 256 dos 679 locais onde se realizaram as contagens, o que significa que esta ave emblemática foi avistada em 37% das zonas para se deslocaram os voluntários.

Estas contagens tiveram início a 14 de Outubro e prolongaram-se por uma semana. No primeiro dia do censo, “logo cedo pela manhã”, muitos voluntários “tiveram de fazer escalada durante várias horas para chegar ao local de observação”, relata uma informação publicada no site da Vulture Conservation Foundation, coordenadora desta iniciativa.

O quebra-ossos é considerado o abutre mais raro da Europa. É um abutre grande, que mede de 2,50 a 2,85 metros entre as extremidades das duas asas, e que ostenta uma pequena barbicha característica que inspirou o seu nome científico: Gypaetus barbatus. Uma das características que o distinguem é o facto de se alimentar principalmente de ossos das carcaças que consome, nomeadamante da medula guardada no seu interior. Para isso, atira estes ossos de grandes alturas de forma a que se quebrem em pedaços, origem do nome português desta ave.

Esta é uma espécie característica de áreas montanhosas, onde vive em zonas remotas, habitualmente acima dos 1000 metros de altitude. A área de distribuição europeia abrange os Pirinéus, Serra Nevada, Alpes, Creta e Córsega.

Hoje, depois de muitas décadas de declínio, considera-se que a população europeia de quebra-ossos está a aumentar, ajudada por vários projectos de reintrodução, incluindo em Espanha. Em 2022, segundo a VCF, foram contabilizados na Europa um total de 465 casais reprodutores.

Em Portugal, onde decorre um projecto LIFE para criar condições que atraiam a espécie ao norte do país, o quebra-ossos extinguiu-se no final do século XIX. Desde então, as aves desta espécie são observadas apenas esporadicamente em território nacional. Recentemente, foram encontrados vestígios da presença deste abutre na zona de Leiria, datados de há 29.000 anos.


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Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.