Foto: Associação Veredas da Estrela

Há um novo percurso pedestre em Gouveia para descobrir paisagens de montanha

A 19 de Maio será inaugurada a pequena rota “Veredas e Barrocas”, em Gouveia. São cerca de 12 quilómetros de uma rota circular que liga as aldeias de Figueiró da Serra e Freixo da Serra. Os pontos altos são as veredas, as paisagens de montanha, locais de memória e novas práticas de restauro ecológico.

A rota “Veredas e Barrocas” (PR8 GVA) percorre “caminhos e veredas e convida a descobrir vales verdejantes e vistas panorâmicas, mas também os vestígios de uma paisagem de montanha outrora resiliente e práticas de regeneração do território que visam dar nova vida aos ecossistemas e às comunidades”, segundo um comunicado enviado hoje à Wilder pela Associação Veredas da Estrela.

Foto: Associação Veredas da Estrela

O percurso pedestre de 12,3 km e um desnível de 688 metros foi elaborado numa parceria entre o Município de Gouveia e a Associação Veredas da Estrela.

Aqui é dada especial importância à integração na rota das chamadas veredas, ou seja, os caminhos estreitos criados por humanos, rebanhos ou pela vida selvagem que deram o nome à associação que nasceu após o incêndio de agosto de 2022 com o objetivo de regenerar os ecossistemas em torno das duas aldeias.  

“O nosso objetivo foi criar uma rota diversa e as veredas têm essa particularidade: permitem-nos chegar a lugares mais escondidos, caminhar entre antigos muros de pedra ou descobrir poços nas ribeiras”, explicou Nik Völker da Veredas da Estrela.

Foto: Associação Veredas da Estrela

Além disso, a rota permite conhecer alguns dos locais que, até ao século passado, eram fundamentais para uma economia local sustentável: os Moinhos da Fraga onde os cereais cultivados nas redondezas eram moídos para depois serem transformados em pão caseiro, a antiga fábrica têxtil de Figueiró da Serra que dava uso à lã local, e ainda os bosques de castanheiros que em muito contribuíram para a alimentação das famílias. 

No dia de inauguração, os participantes terão a possibilidade de fazer a rota completa ou descobrir uma parte do trilho num passeio interpretativo.  

“A quem gosta de descobrir trilhos de montanha a pé, que procura diversidade paisagística e que aprecia o desafio de troços tecnicamente exigentes, recomendo vivamente fazer a rota PR8 Veredas e Barrocas completa”, comenta Nélson Rodrigues que irá acompanhar o grupo no dia da abertura. 

O passeio interpretativo será acompanhado por Joel Correia – arqueólogo da Câmara Municipal de Gouveia – e por Ricardo Brandão do Centro de Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens (CERVAS) que irão partilhar conhecimentos sobre o património arqueológico e a biodiversidade ao longo da rota.

Foto: Associação Veredas da Estrela

Além disso, o passeio dará a oportunidade de visitar alguns dos locais de intervenção da Veredas da Estrela, incluindo um souto de 10 hectares que a associação começou a recuperar.

“A paisagem destas aldeias conta muitas histórias e queremos que a rota permita às pessoas conhecerem algumas dessas histórias – mas também o presente e os projetos para um futuro que volte a tornar este território mais resiliente”, explicou Júlio Teles da Associação Veredas da Estrela. 

O dia de inauguração é uma iniciativa do Município de Gouveia com a Associação Veredas da Estrela e conta com o apoio da União de Freguesias de Figueiró da Serra e Freixo da Serra, do turismo de bem-estar New Life Portugal, da Queijaria Conde de Vinhó, do CERVAS e da Festa de Santa Eufémia Figueiró da Serra 2024.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.