Que espécie é esta: borboleta-caveira

O leitor Carlos Almeida fotografou esta borboleta a 10 de Outubro no Mindelo, Cabo Verde, e quer saber que espécie é. Eduardo Marabuto responde.

“Depois de 9 meses, ela finalmente eclodiu. Que insecto se trata? Nas minhas pesquisas pareceu ser uma mariposa caveira, como a do Silêncio dos Inocentes”, escreveu o leitor à Wilder.

Trata-se de uma borboleta-caveira (Acherontia atropos).

Espécie identificada por: Eduardo Marabuto, entomólogo.

“Sim, é uma Acherontia atropos. A espécie é nativamente uma espécie afrotropical de comportamento migratório / dispersivo e apetências naturalmente mais tropicais que temperadas: a sua distribuição mais natural é mesmo a África subsaariana onde desenvolve várias gerações anuais enquanto mais a norte, apenas se comporta como transitória, não sobrevivendo ao inverno acima dos Pirinéus / Alpes”, explicou Eduardo Marabuto.

“Por ter esse carácter dispersivo, também coloniza os arquipélagos macaronésicos de Cabo Verde, Canárias, Madeira e até os Açores pelo que sim, é expectável em Cabo Verde. É também a única espécie deste género na zona (as outras duas Acherontia, lachesis e styx apenas aparecem na Ásia) pelo que não há confusão possível.”

Esta grande e bonita borboleta noturna pertence à família Sphingidae. É uma das nossas maiores borboletas e um dos maiores na classe insecta nas nossas latitudes.

Ficou célebre por dar capa a um filme de Hollywood.

O nome comum vem da marca no tórax dos adultos que lembra uma caveira.

As lagartas alimentam-se de plantas da família da batata e também de folhas de oliveira.


Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie para o nosso email a fotografia, a data e o local. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.