Foto: Maria Alexandrina Fonseca

Que espécie é esta: cenoura-brava

A leitora Maria Alexandrina Fonseca pediu ajuda para identificar uma planta fotografada em Junho, junto ao rio Alenquer. Carine Azevedo responde.

“Que espécie é esta? Será esta a erva a que chamam ‘Erva de renda da Rainha Anne?'”, questionou Maria Alexandrina Fonseca, na mensagem enviada à Wilder.

Trata-se na verdade das flores da cenoura-brava, também vulgarmente conhecida como salsa-burra, com o nome científico Dacus carota.

Foto: Maria Alexandrina Fonseca

Espécie identificada e texto por: Carine Azevedo, consultora na gestão de património vegetal ao nível da reabilitação, conservação e segurança de espécies vegetais e de avaliação fitossanitária e de risco. Dedica-se também à comunicação de ciência para partilhar os pormenores fantásticos da vida das plantas.

É uma espécie nativa da Europa e sudoeste da Ásia. Em Portugal pode encontrar-se de forma espontânea um pouco por todo o território continental e ilhas, na berma de caminhos, em terrenos cultivados e incultos. 

A cenoura-brava é uma espécie herbácea bienal da família Apiaceae

Pode atingir entre 20 a 80 cm de altura e surgir de forma solitária ou em pequenos grupos. Tipicamente revestida de pelos densos, erecta e bastante ramificada.

As folhas são profundamente recortadas, delgadas e moles, que quando esmagadas exalam um aroma característico a cenouras frescas. 

As inflorescências são do tipo umbelas terminais, semelhantes a um chapéu-de-chuva. 

Foto: Maria Alexandrina Fonseca

As flores são avermelhadas quando jovens, que se vão tornando brancas à medida que a planta se desenvolve, mantendo-se no entanto uma flor central de cor púrpura. 

A cenoura-brava possui uma época de floração alargada de março a setembro.

A raiz da cenoura-brava, ao contrário da cenoura-cultivada (Daucus carota subsp. sativus), não é comestível por ser tornar extremamente lenhosa. Já as flores, as folhas e sementes, devidamente preparadas podem ser ingeridas.

Do ponto de vista medicinal, possui as mesmas propriedades que a sua congénere cultivar. Quando preparada em cataplasma, a cenoura-brava é antianémica, antidiarréica, anti-séptica, cicatrizante, diurética, estimulante e tónica. 


Agora é a sua vez.

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Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.