Que espécie é esta: cobra-de-água-de-colar-mediterrânica

O sobrinho do leitor Miguel Amaral encontrou esta cobra a 13 de Abril em Arraiolos e pediu ajuda na identificação da espécie. Luís Ceríaco responde.

“O meu sobrinho avistou este exemplar no nosso jardim hoje, dia 13 de Abril de 2022. Se possível gostaria de saber que espécie de cobra é e se é perigosa ou não – infelizmente não consegui uma foto onde se veja a cabeça (pelo que percebi é um elemento importante na identificação). Moramos no Alentejo, perto de Arraiolos”, escreveu o leitor à Wilder.

Trata-se de uma cobra-de-água-de-colar-mediterrânica (Natrix astreptophora).

Espécie identificada por: Luís Ceríaco, especialista em répteis e investigador do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto.

A cobra-de-água-de-colar-mediterrânica é uma espécie completamente inofensiva para o ser humano.

Em muitas regiões da Europa, a cobra-de-água-de-colar (Natrix natrix) é a espécie de cobra mais comum. Mas a taxonomia das cobras-de-água ainda está relativamente pouco estudada.

Há alguns anos, foi feita uma descoberta entusiasmante. “Até há pouco tempo, esta era considerada uma subespécie da cobra-de-água-de-colar (Natrix natrix), mas estudos recentes demonstraram que a população ibérica é diferente e tem estatuto de espécie”, explicou Luís Ceríaco. Foi, então, reconhecida como cobra-de-água-de-colar-mediterrânica (Natrix astreptophora).

Esta cobra é uma boa nadadora.

Pode ultrapassar os 150 centímetros de comprimento total, sendo as fêmeas habitualmente maiores que os machos, segundo o Museu Virtual da Biodiversidade da Universidade de Évora.

“A coloração dorsal é variável, variando entre o verde-oliváceo, o acinzentado, o acastanhado ou mesmo o pardo; exibe um padrão de pequenas manchas negras irregulares, espalhadas ao longo do corpo.”

Os juvenis “exibem duas manchas no pescoço que formam um colar amarelado e orlado de negro, sendo esta a característica responsável pelo seu nome vulgar. Esse colar desaparece à medida que o indivíduo cresce”.


Agora é a sua vez.

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Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.