Que espécie é esta: cobra-de-água-de-colar-mediterrânica

A leitora Isabel Rodrigues Sá fotografou esta cobra a 14 de Agosto em Vila Fria, Viana do Castelo, e quis saber qual a espécie a que pertence. Guilherme Caeiro-Dias responde.

“A 14 de Agosto, pelas 10h00, a minha gata apanhou a cobra (que me parece ainda bebé) no jardim de casa. Afastei a gata e a cobra, mal conseguiu, refugiou-se numa bacia com água onde nadou tranquilamente. Como fui para dentro de casa, quando cheguei novamente perto da bacia com a cobra, a gata já a tinha matado. Moro em Vila Fria, Viana do Castelo. No limite do terreno passa um regato de água (que nesta altura do ano está seco, sem água). Na sexta feira, a minha sogra, num terreno fronteiriço, lavrou a terra. No sábado vimos uma cobra igual na estrada e o meu marido colocou-a, a salvo, no meio da vegetação (estava muito calor). Hoje apareceu em minha casa. Eu tenho piscina e a ser uma cobra de água, será que procuram piscinas ou locais com água?”, perguntou a leitora à Wilder.

Trata-se de uma cobra-d’água- de-colar-mediterrânica (Natrix astreptophora).

Espécie identificada e texto por: Guilherme Caeiro-Dias, primeiro autor do estudo que elevou ao estatuto de espécie a lagartixa-lusitânica (Podarcis lusitanicus), antigo aluno de doutoramento no CIBIO-InBIO, agora a trabalhar na Universidade do Novo México, nos Estados Unidos.

Aqui temos uma cobra-d’agua-de-colar-mediterrânica (Natrix astreptophora) juvenil.

Os juvenis tendem a percorrer maiores distâncias que os adultos para procurar um território onde se possam esabelecer. Por isso, nesta altura do ano é normal encontrar juvenis que nasceram na primavera/verão a dispersar dos locais onde nasceram.

Normalmente procuram locais com vegetação e rochas que ofereçam proteção perto de cursos de água, charcos, represas ou lagoas de água doce ou água salobra.

As piscinas não oferecem as condições necessárias para a sobrevivência desta espécie. Por isso, mesmo que indivíduos desta espécie sejam avistados perto ou numa piscina, o mais provável é que seja temporário e que estejam apenas de passagem. Acontece por vezes que procurem água para beber (como qualquer outro animal) e depois de entrarem ou caírem numa piscina não consigam sair.

É por isso importante ter numa piscina ou tanque uma estrutura/rampa que permita estes animais sair e seguir o seu caminho. Já existem à venda algumas estruturas flutuantes com esta função.


Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie-nos para o nosso email a fotografia, a data e o local. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Equipa Wilder

A nossa missão é inspirá-lo a apreciar a natureza e a melhorar a biodiversidade, através de conteúdos de elevada qualidade editorial que lhe sejam úteis.