Dia 10 de Novembro é dedicado à conservação do pinguim-do-cabo

São 18 as espécies de pinguins no planeta. Nem todas estão em segurança. A sobre-pesca e destruição dos habitats ameaçam de extinção alguns destes icónicos animais. Dia 10 de Novembro é o dia do pinguim-do-cabo.

 

Amanhã celebra-se o Dia da Salvaguarda do Pinguim-do-cabo, iniciativa internacional da SANCCOB – Fundação para a Conservação das Aves Costeiras da África do Sul, com actividades organizadas em vários países. O Jardim Zoológico de Lisboa, que apoia a SANCCOB desde 2017, junta-se às celebrações dedicadas a estes animais emblemáticos e pede a sua “urgente protecção”.

“Os pinguins são animais emblemáticos que estão ameaçados como consequência do comportamento humano, nomeadamente pela pesca excessiva e a poluição dos seus habitats, sobretudo por derrames de petróleo”, segundo um comunicado enviado ontem à Wilder.

O Zoo está a ajudar uma das espécies de pinguins, o pinguim-do-cabo (Spheniscus demersus) – o único que habita a zona temperada do continente africano. Esta é uma espécie classificada Em Perigo de extinção pela UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza).

Segundo o comunicado, o Zoo participa no Programa Europeu de Reprodução (EEP) desta espécie.  “Este EEP tem gerado resultados de sucesso assinaláveis no que toca à reprodução, muito devido ao programa de enriquecimento ambiental estabelecido”, acrescenta. “Através deste programa, os animais são estimulados a vários níveis (alimentar, social, sensorial, ocupacional e físico) e, inclusivamente, são-lhes disponibilizados diferentes materiais para a construção de ninhos (areia, pedras, ramos), proporcionando condições favoráveis à reprodução da espécie.”

Actualmente o Jardim Zoológico tem vários casais estabelecidos de pinguins-do-cabo, fazendo habitualmente duas posturas por ano.

 

Quem é o pinguim-do-cabo?

Segundo o Zoo, o pinguim-do-cabo constrói o ninho em tocas debaixo de pedras ou de vegetação, de modo a ficar protegido do sol.

 

 

É uma ave adaptada à vida marinha e é um óptimo nadador e mergulhador. “As asas funcionam como barbatanas e a forma das patas ajudam-nos a nadar. Quando mergulham para capturar alimento, sustêm a respiração em média durante cerca de 45 segundos, mas podem atingir os 150 segundos. Bebem água salgada e as suas próprias glândulas são capazes de filtrar o sal da água que, posteriormente, é libertado através do bico.”

Os pinguins-do-cabo têm uma característica bastante singular: são animais monogâmicos, ou seja, quando encontram o seu par, permanecem juntos a vida inteira.

Têm penas que, com a ajuda de pequenos músculos, se unem e formam uma camada de ar que os mantem quentes e secos.

Têm cor escura nas costas e clara no ventre para se camuflarem e se esconderem dos seus predadores: as orcas e as focas. Quando são vistos de cima, a cor escura das penas confunde-se com o fundo do mar e, quando vistos por baixo, a cor clara confunde-se com a luz da superfície marinha.

A SANCCOB é uma organização sem fins lucrativos que pretende reverter o declínio das populações de aves marinhas doentes, feridas, abandonadas ou afetadas por derrames de petróleo, através do seu resgate, reabilitação e libertação.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.