Troço do rio Dee, na zona de Aberdeenshire, Escócia. Foto: Bobbacon/Wiki Commons

Escócia planta milhares de árvores junto aos rios para ajudar os salmões selvagens

Esta iniciativa surge como uma resposta à subida da temperatura das águas ligada às alterações climáticas.

A plantação de árvores está a realizar-se junto aos rios e ribeiros mais remotos, num esforço para combater os efeitos que a subida de temperatura da água tem sobre os salmões selvagens, avança o jornal The Guardian.

Os cientistas descobriram que os rios das Highlands (“Terras Altas”, em português), zona montanhosa no norte da Escócia, estão a ficar demasiado quentes para os salmões que a eles regressam na altura do Verão para desovar.

Esta acção está a ser liderada por entidades gestoras de zonas de pesca num dos rios escoceses mais famosos no que ao salmão diz respeito, o rio Dee, em Aberdeenshire, região junto ao Mar do Norte. Estas firmas plantaram até agora 250.000 pequenas árvores junto a afluentes importantes do Dee e esperam alcançar um milhão de árvores na bacia deste rio até 2035, incluindo pinheiros-silvestres, bétulas e salgueiros.

Foi há quatro anos, em 2018, que se registou o pior ano de apanha de salmão, desde o início dos registos, com muitos rios do país a registarem temperaturas acima dos 23.ºC, que se sabe que induzem stress a estes peixes. Os cientistas escoceses descobriram que apenas 35% dos rios escoceses têm uma cobertura arbórea adequada.

“Estes rios e riachos são os territórios de crescimento para os peixes jovens e são estes que vão ser afectados pelas temperaturas de Verão, pois a sua alimentação e as taxas de crescimento são afectadas”, avisou Lorraine Hawkins, ligado à gestão de zonas de pesca, citado pelo The Guardian. “Se ficar mais calor, vamos começar a ver peixes a morrerem.”

Noutras áreas da Escócia estão a ser aplicadas iniciativas de plantação de árvores, incluindo áreas vedadas para as pequenas plântulas não serem comidas pelos veados.

A grande descida do número de salmões selvagens na Escócia tem sido atribuída não só às alterações climáticas e ao efeito que têm na disponibilidade de alimento para estes peixes, mas também ao aumento dos obstáculos ao curso livre de rios, aos parasitas introduzidos pela aquicultura e à pesca no mar, entre outras causas.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.