Foto: Anja Odenberg/Pixabay

Mais de 2.400 espécies selvagens estão ameaçadas de extinção em França

França apresentou hoje a sua Lista Vermelha, com a avaliação de 13.842 espécies pela comunidade científica. A conclusão é que a crise da biodiversidade continua a agravar-se no país. 

A extinção é uma ameaça para 17,6% das espécies de animais e de plantas de França, ou seja 2.430 espécies, conclui o Comité francês da União Internacional de Conservação da Natureza (UICN) e o Museu Nacional francês de História Natural.

“Os resultados acumulados ao longo dos anos revelam um quadro geral preocupante”, disse ao jornal Le Monde Florian Kirchner, responsável pelo programa Espécies do Comité francês da UICN. “Este barómetro, que toma o pulso ao estado de saúde de diferentes segmentos da biodiversidade, mostra um nível de ameaça significativo para todos os grupos.”

Segundo a Lista Vermelha, que reuniu 500 peritos e 31 organizações parceiras, o grupo mais ameaçado é o das aves nidificantes (32%), seguido dos crustáceos de água doce (28%), dos répteis (24%) e dos anfíbios (23%).

Ainda segundo este barómetro da vida selvagem francesa, divulgado no Dia Mundial da Vida Selvagem, 19% das espécies avaliadas de peixes de água doce estão ameaçadas, bem como 14% dos mamíferos, 13% dos tubarões e raias e 12% das libélulas e libelinhas.

Os grupos com menos espécies ameaçadas são as borboletas diurnas (com 6% de espécies ameaçadas) e a flora vascular (8%).

Para chegar a estes resultados foram utilizados milhares de dados das diferentes espécies selvagens, ao longo de 13 anos (a última Lista Vermelha francesa é de 2008).

Esses dados resultam de censos feitos por associações naturalistas – como os Conservatórios Botânicos nacionais, por exemplo – por laboratórios de investigação, departamentos de gestão de espaços naturais e voluntários. Além disso foram utilizados dados de publicações científicas e coleções de museus de História Natural.

De 3 a 11 de Setembro, França será o país anfitrião do Congresso Mundial da Natureza da UICN (União Internacional da Conservação da Natureza) em Marselha.


Já que está aqui…

Ainda vai a tempo para apoiar o projecto de jornalismo de natureza da Wilder com o calendário para 2021 dedicado às aves selvagens dos nossos jardins.

Com a ajuda das ilustrações de Marco Nunes Correia, poderá identificar as aves mais comuns nos jardins portugueses. O calendário Wilder de 2021 tem assinalados os dias mais importantes para a natureza e biodiversidade, em Portugal e no mundo. É impresso na vila da Benedita, no centro do país, em papel reciclado.

Marco Nunes Correia é ilustrador científico, especializado no desenho de aves. Tem em mãos dois guias de aves selvagens e é professor de desenho e ilustração.

O calendário pode ser encomendado aqui.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.