Cidadãos limparam mais de sete toneladas de lixo do Estuário do Sado

Num único dia, mais de 200 pessoas juntaram-se no Estuário do Sado e recolheram 7,494 toneladas de lixo. A primeira acção da “Mariscar SEM Lixo” de 2018 aconteceu a 18 de Fevereiro nos Portos Palafíticos da Carrasqueira e do Possanco.

 

A maior parte do lixo recolhido (6.614kg) não pode ser reciclado. São 2.200 quilos de artefactos de pesca, maioritariamente redes, 1.600kg de madeira, mais de uma tonelada de pneus e 1.780kg de lixo indiferenciado, de acordo com um comunicado da Ocean Alive.

 

 

Durante o dia 18 de Fevereiro foram ainda recolhidos 880 quilos de recicláveis. Destes, 720 quilos eram embalagens de plástico, havendo algumas embalagens de metal, e 160kg de embalagens de vidro, metais, equipamentos elétricos e eletrónicos fora de uso, um acumulador de chumbo e uma bateria usada.

 

 

Esta foi a primeira acção do projecto “Mariscar SEM Lixo”, organizado pela Ocean Alive, em 2018. Participaram 219 voluntários, dos quais 67 eram locais. A associação destaca “a presença de muitas famílias, tendo participado mais de 50 crianças que também limparam o estuário connosco”.

 

 

Durante o dia de campanha, 8,2 quilómetros de sapal da Reserva Natural do Estuário do Sado foram limpos, “em zonas de difícil acesso, graças aos meios de transporte de todo o terreno, disponibilizados pelos nossos parceiros”.

 

 

A Campanha “Mariscar SEM Lixo” começou em Março de 2016, na Sexta-feira Santa, por tradição o grande pico anual de afluência de mariscadores no estuário, sítio da Rede Natura 2000 e casa da única população de golfinhos residente no nosso país. O grande objectivo da campanha é retirar o lixo marinho do Estuário do Sado, envolvendo a sociedade, e acabar com o mau hábito dos mariscadores do lingueirão e do casulo em deixar as embalagens de sal na maré.

 

Margens do estuário antes da limpeza de 18 de Fevereiro

 

Até agora, esta campanha já organizou 29 acções de limpeza e recolheu mais de 36 toneladas de lixo e 41.069 embalagens de sal vazias. Tudo isto foi conseguido por um total de 2.291 voluntários.

A próxima grande acção já tem data marcada: será a 30 de Março, Sexta-feira Santa, dia em que a campanha fará dois anos.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Em Agosto de 2017 falámos com Raquel Gaspar, a coordenadora da iniciativa e da cooperativa Ocean Alive, sobre um ano de limpeza no Estuário do Sado. Leia aqui o que foi conseguido até agora.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.
Descubra estas cinco espécies na maré baixa em Tróia.

Que espécies tem observado no Estuário do Sado? Para se inspirar, aqui ficam as imagens de um bando de flamingos que estes leitores da Wilder registaram.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.