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Arribas do rio Douro. Foto: Domingos Leitão

Vai nascer um festival de natureza ibérico em Miranda do Douro

Caminhadas a ver grifos, águias e outras aves de rapina, passeios de canoa no meio do Douro, ver de perto o burro mirandês. Estes são alguns dos pontos altos do ObservArribas – Festival Ibérico de Natureza das Arribas do Douro, que acontece entre 23 e 25 de Junho. A Wilder falou com os organizadores e conta-lhe o que vai poder ver.

 

“O objectivo é que seja um festival ibérico, verdadeiramente internacional”, afirma Joaquim Teodósio, membro da Spea-Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves e um dos organizadores do ObservArribas, que quer dar a conhecer o Parque Natural do Douro Internacional.

A primeira edição acontece este ano, no Pavilhão Multiusos de Miranda do Douro.

O biólogo é também coordenador do Life Rupis, um projecto luso-espanhol de conservação do abutre-do-egipto e da águia-perdigueira no vale do Rio Douro, cujos parceiros vão ser promotores do festival. E por isso, vindos de Espanha, vão estar presentes representantes do Parque Natural de Arribes del Duero e várias empresas de natureza.

Mas o que vai encontrar quem for ao ObservArribas? Além das associações e empresas de natureza que vão marcar ali presença, Joaquim Teodósio destaca a paisagem e a grande biodiversidade da região.

Nas arribas que acompanham o Douro ao longo da fronteira com Espanha, habitam águias-perdigueiras, milhafres-reais, britangos, grifos, um casal de abutres-pretos, e muitas outras espécies de fauna e flora, descreve.

 

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Águia-perdigueira, também conhecida por águia-de-bonelli. Foto: João Cosme

 

“Tentamos promover o território do Parque Natural do Douro Internacional como um todo. Queremos mostrar os valores naturais que ali ocorrem, mostrar que a conservação das espécies é uma mais-valia ao nível do turismo e do emprego local e que a natureza tem um potencial que pode ser ainda mais optimizado.”

Outro dos objectivos do evento é aliás chamar mais operadores de turismo de natureza àquela área protegida.

O ObservArribas vai apostar também na divulgação da cultura e das tradições locais: os pombais tradicionais e as danças e cantares da região, tal como o burro mirandês, vão ser pontos altos.

 

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Burros-mirandeses. Foto: Cláudia Costa

 

Além dos parceiros do Life Rupis, a Câmara Municipal de Miranda do Douro é outro dos promotores do festival, apoiado pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

A Wilder falou com Vanessa Oliveira, da equipa organizadora, e destaca oito das muitas acções que se realizam  entre sexta-feira e domingo. A responsável da SPEA explicou ainda que “estão previstas actividades para crianças durante toda a feira”.

 

  1. Observação de aves na Ribeira do Mosteiro: Percurso pela ribeira do Mosteiro (concelhos de Freixo de Espada à Cinta e Figueira de Castelo Rodrigo), entre as 09h00 e as 13h00 de sexta-feira (dia 23), para observar e identificar aves na área de intervenção do projeto Life Rupi, ao longo de 8,3 kms. Organizado pela Associação Transumância e Natureza. Preço: 2,5 euros por pessoa.

 

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Milhafre-real. Foto: Diogo Oliveira

 

  1. Cruzeiro pelas Arribas do Douro: Este passeio de barco realiza-se sexta-feira, sábado e domingo e percorre 22 km de rio, contemplando arribas e observando várias espécies que ali ocorrem, como a águia-real, a águia-de-bonelli e o britango. Organizada pela Naturisnor. Preço: 10 euros por pessoa.

 

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Foto: Naturisnor

 

  1. Oficina sobre aves de Portugal: Oficinas de 20-25 minutos no espaço do CERVAS (Centro de Recuperação, Ecologia e Vigilância de Animais Selvagens) com utilização de material biológico (ossos, penas, vestígios) de aves de Portugal, realizada no Pavilhão Multiusos de Miranda do Douro. Repete-se em vários horários, ao longo dos três dias do festival. Gratuita.

 

  1. À descoberta dos pombais tradicionais: Esta visita a uma pombal tradicional repete-se sexta-feira, sábado e domingo. Vão aprender-se algumas curiosidades acerca dos pombais tradicionais e se descobrem as suas várias facetas dos pombais, seja a arquitectura ou o seu papel ecológico. Passeio organizado pela Palombar, com acesso gratuito.

 

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Pombal tradicional. Foto: Palombar

 

  1. Birdwatching em caiaque / canoagem: Este passeio guiado em caiaque percorre o último troço da albufeira de Miranda do Douro, ao largo da cidade, no meio das arribas do Douro. A paisagem é dominada por escarpas graníticas, que albergam diversas espécies arbóreas e arbustivas, bem como diversas espécies de aves emblemáticas desta área protegida, entre outros. Realiza-se sexta-feira e sábado, às 17h00 e às 18h40. Organizado pela Douro Pula Canhada. Preço: 4 euros por pessoa, com descontos para crianças e jovens.

 

  1. Anilhagem de aves: A anilhagem de aves, consiste num processo de captura, marcação e estudo. Uma boa oportunidade para conhecer as aves que ocorrem nesta região, esta sessão realiza-se no sábado, dia 24, em Atenor, junto à ribeira da Preda. A participação é gratuita.

 

  1. Passeios ornitológicos para norte e sul de Miranda do Douro: Estas caminhadas guiadas pela SPEA, com cerca de 5 km, destinam-se a observar aves de rapina, passeriformes e outras espécies dos campos e florestas ribeirinhos do Douro. O passeio para norte realiza-se sábado entre as 08h00 e as 12h00. Repete-se o mesmo horário para sul, mas no domingo. Participação gratuita.

 

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Abutre-do-egipto, também conhecido por britango. Foto: Ricardo Brandão/CERVAS

 

  1. Identificação de cantos de aves no campo: Organizada pelo Laboratório de Ecologia Aplicada da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, esta saída de campo é de acesso gratuito. Acontece no domingo, dia 25, entre as 08h00 e as 12h00.

 

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Saiba mais.

Quase todas estas actividades têm inscrição obrigatória. Informe-se melhor aqui.

No festival, vão acontecer ainda outros cruzeiros no Douro, passeios, um seminário sobre turismo de natureza na região (sexta-feira, dia 23) e ainda muitas conversas com responsáveis ligados ao sector. Consulte o programa completo do ObservArribas.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.