Drones ajudam cientistas a estudar baleias cinzentas

O recurso aos drones, veículos aéreos não tripulados, está a ajudar cientistas a estudarem a saúde das baleias cinzentas ao largo da costa da Califórnia.

Tradicionalmente, os biólogos que estudam mamíferos marinhos costumavam vigiar as populações migrantes de baleias cinzentas através de um par de binóculos, para estimar quantos indivíduos tinham nascido nesse ano.

Juntamente com as crias, estes animais costumam deslocar-se dos territórios ao largo do México, onde nidificam, para a zona do Ártico onde se alimentam no Verão.

Mas agora, os cientistas utilizam drones para fotografar as baleias e analisar se estas têm reservas suficientes de gordura para alimentar as crias e chegarem ao Ártico sem problemas, noticiou a BBC.

Em causa está um trabalho de monitorização desenvolvido pela NOOA Fisheries (National Oceanic and Atmospheric Administration), organismo que nos Estados Unidos supervisiona os recursos e os habitats dos oceanos.

“Não podemos colocar uma baleia cinzenta numa balança, mas podemos usar uma imagem aérea para analisar a sua condição física – basicamente, até que ponto estão gordas ou magras”, explicou John Durban, biólogo de mamíferos marinhos que trabalha para a NOOA Fisheries.

As baleias cinzentas não se alimentam durante a maior parte dos meses que demora a migração, mas nesse período de tempo precisam de dar alimento às crias. E por isso, precisam de muita gordura de baleia para serem bem-sucedidas durante a viagem até ao Ártico e mesmo para se reproduzirem.

Por outro lado, até que ponto estão bem alimentadas depende das condições que encontraram no Ártico no ano anterior.

Com os estudos actuais, os cientistas estão a tentar perceber como é que as condições ambientais afectam a reprodução das baleias cinzentas. Esta é uma das poucas espécies de grandes baleias considerada fora de perigo em todo o mundo (também no Pacífico, mas ao largo da Rússia, vive uma outra população de baleias cinzentas, mas esta permanece em perigo).

“Com as baleias cinzentas, estamos a começar a perceber qual é o aspecto de uma população recuperada de grandes baleias”, disse também John Durban.

Os investigadores esperam que os resultados ajudem a estabelecer objectivos de crescimento para outras populações de grandes baleias. Querem também arranjar pistas para perceberem, no futuro, se um eventual declínio no número de indivíduos pode fazer parte de oscilações normais ou são sinal de algo mais grave.

“Vamos ter de nos habituar a ver populações recuperadas com bons anos e maus anos”, acrescentou o biólogo, explicando que é o que acontece quando uma população está recuperada e depende de um nível máximo de alimento.

 

 

 

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.