França e Suíça facilitam abate de lobos

Os Governos franceses e suíços alteraram as suas legislações para facilitar o abate de lobos. Assim, aumenta o número de animais que podem ser mortos por ano e passa a ser mais fácil autorizar os abates em caso de danos para as explorações de gado.

 

As alterações na legislação foram publicadas hoje. Em França foram aprovadas pela ministra da Ecologia, Ségolène Royal, e pelo ministro da Agricultura, Stéphane Le Foll, noticia o jornal Le Monde. Isto tudo apesar de uma consulta pública maioritariamente contrária a estas alterações e de uma petição que recolheu 67.000 assinaturas em favor da convivência entre lobo e pastores, lançada pelas organizações de defesa dos animais selvagens.

Assim, para o período de 2015-2016 vai ser possível abater até 36 lobos em França. No ano passado havia autorização para abater 24 animais mas, segundo o jornal, só foram abatidos 19 (mais um morto ilegalmente). Em 2014 morreram mais cinco lobos de causa natural ou acidente.

Além disso, será mais fácil às autarquias autorizar um abate em caso de danos significativos para os exploradores de gado, apesar das medidas de prevenção, como vedações eléctricas e cães de gado.

Estima-se que a população de lobo em França seja de 282 animais em 2015, contra os 301 de 2014.

Na Suíça, o Conselho Federal alterou as condições da caça ao lobo, tornando-a mais fácil. As alterações entram em vigor a 15 de Julho.

Actualmente vivem na Suíça dez a 15 lobos solitários e uma alcateia de oito a dez indivíduos no maciço de Calanda. “O lobo vai continuar a espalhar-se pelo país e novas alcateias vão formar-se. A presença de lobo não deixará de suscitar novas polémicas”, justifica o Conselho, em comunicado.

A partir de agora o abate de lobo em caso de danos passa a ser autorizado no âmbito da lei da caça e não no âmbito do plano de gestão do lobo. Além disso, um cantão pode, com o aval do Gabinete Federal do Ambiente, regular os efectivos se, pelo menos, 15 animais de gado forem mortos no espaço de quatro meses em território de uma alcateia com crias. Fica autorizado o abate de jovens lobos que se aproximem demasiado de zonas habitadas e se mostrem agressivos.

Apesar disso, o lobo continua a ser uma espécie protegida. “Na verdade, a quota de abate no território de uma alcateia não deve ultrapassar a metade do número de lobos nascidos nesse ano”, especifica ainda o Conselho.

 

[divider type=”thin”]Saiba onde vivem as dez populações de Lobo na Europa:

1. Noroeste da Península Ibérica (Espanha e Portugal)

2. Serra Morena (Sul de Espanha)

3. Alpes (França, Itália e Suíça)

4. Itália – Península Itálica

5. Cárpatos – República Checa, Eslováquia, Sul da Polónia, Ucrânia, Roménia, Sérvia e Hungria

6. Dinara-Balcãs – Eslovénia, Croácia, Bósnia e Herzegovina, Sérvia, Montenegro, Albânia, República da Macedónia, Grécia e Bulgária

7. Carélia – Finlândia e Rússia Ocidental

8. Báltico – Rússia, Estónia, Letónia, Lituânia, Bielorrússia, Nordeste da Polónia e Ucrânia

9. Alemanha-Polónia – Leste da Alemanha e Polónia Ocidental

10. Escandinávia – Noruega e Suécia

 

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.