Morreu o Asa, um dos golfinhos mais emblemáticos do Estuário do Sado

O golfinho terá morrido nesta segunda-feira, anunciou a Vertigem Azul, empresa de observação de cetáceos que, há anos, acompanha de perto a população residente no Estuário do Sado.

 

“Hoje é um dia triste para o Sado e para todos nós. O Asa partiu.” Foi assim que a Vertigem Azul anunciou a morte deste golfinho, identificado pela primeira vez há mais de 30 anos nas águas do estuário.

O Asa, um roaz (Tursiops truncatus), era um macho e um dos cerca de 20 adultos da população residente do Sado. “Nos últimos dias andava isolado do resto do grupo”, segundo a Vertigem Azul. A causa da morte só será conhecida quando forem revelados os resultados da necropsia.

Este será um dos golfinhos mais conhecidos do Estuário do Sado. A 7 de Abril de 1999 protagonizou um dos mais espectaculares salvamentos de vida selvagem em Portugal. Depois de várias horas encalhado num dos esteiros do rio Sado, preso no lodo junto à margem, o Asa – na altura com cerca de 400 quilos de peso – foi transportado de helicóptero, tendo sobrevoado casas e ruas, até às águas do estuário.

De então para cá, o Asa era um dos golfinhos mais observados no estuário.

Esta é a única população residente de golfinhos num estuário em Portugal e uma das poucas da Europa. Ainda assim, a espécie pode ser observada ao longo de toda a costa portuguesa. Nos anos 80 viveriam no Sado cerca de 40 animais; hoje serão entre 25 e 30. Segundo a Vertigem Azul, em 2005 chegou a contar-se apenas 22 golfinhos.

Estes golfinhos, quando adultos, podem ter entre dois a quatro metros de comprimento e pesar entre 150 a 600 quilos. Alimentam-se de tainhas, carapaus, sardinhas, anchovas, enguias, chocos, lulas e alguns crustáceos.

O roaz está protegido por legislação internacional, comunitária e nacional.

Conheça melhor a população de golfinhos do Estuário do Sado neste pequeno guia com seis ajudas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.