Leitores: podemos salvar orquídeas selvagens da limpeza das bermas?

A leitora Clara Bento pediu ajuda à Wilder porque gostava de proteger as orquídeas selvagens que encontrou perto de onde trabalha de uma intervenção de limpeza de bermas. A Associação de Orquídeas Silvestres de Portugal responde.

Esta semana, a leitora escreveu assim à Wilder: “No espaço onde trabalho há estas orquídea selvagens. No local estão a fazer uma intervenção para limpar as bermas. Queria saber o que posso fazer para salvar estas flores. Tenho de as retirar do local e transplantar para outro? Ganhei uma semana ou pouco mais no atraso da intervenção. Agradeço desde já toda a ajuda que me possam dar.”

Foto: Clara Bento

A orquídea silvestre da foto é uma erva-abelha (Ophrys apifera), identificou a Associação de Orquídeas Silvestres de Portugal (AOSP).

Para esta espécie ser protegida “o ideal é que a limpeza das bermas da estrada só fosse realizada em finais de maio, após a frutificação da espécie”, respondeu a AOSP.

Normalmente, esta planta está em flor de Abril a Junho.

“As orquídeas silvestres dificilmente resistem ao transplante, uma vez que necessitam de micorrizas para sobreviver. Seria necessário, juntamente com a planta, retirar grande quantidade de solo”, acrescentou a associação.

Em Portugal ocorrem 15 géneros e cerca de 50 espécies de orquídeas terrestres. A Platanthera azorica, que ocorre nos Açores, está classificada como sendo a orquídea mais rara da Europa. 

Segundo Carine Azevedo, botânica, “em Portugal, há uma enorme variedade de orquídeas nativas. Não têm flores tão grandes como as orquídeas ornamentais, mas têm também uma aparência exótica, com formas e características de uma beleza ímpar”.


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A SPEA-Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves patrocina a secção “Seja um Naturalista”.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.