Estas crias de texugo foram resgatadas e estão à procura de padrinhos

Duas crias de texugo foram atacadas por cães na região de Portalegre. Ficaram órfãs mas encontraram no CERAS os cuidados que precisam para sobreviver. Hoje com oito semanas de vida, estão bem de saúde. E à procura de padrinhos.

 

É no mês de Abril que as crias de texugo (Meles meles) saem pela primeira vez das tocas. Passaram cerca de dois meses desde que nasceram nestes refúgios subterrâneos.

Mas estas duas pequenas crias, ambas fêmeas, tiveram um princípio de vida difícil. “Foram atacadas por cães na região de Portalegre. A mãe morreu mas elas ficaram apenas com escoriações”, contou hoje à Wilder Samuel Infante, responsável pelo CERAS (Centro de Estudo e Recuperação de Animais Selvagens), em Castelo Branco.

 

 

Acabaram por ser resgatadas por um morador local que as entregou ao Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). Depois, chegaram às mãos da equipa do CERAS.

“Hoje estão bem. Tratámo-las das escoriações e começámos de lhes dar leite de substituição, porque ainda mamavam. Agora também já comem fruta, carne, iogurtes, caracóis. Começam a diversificar a alimentação”, acrescentou o responsável.

 

 

Segundo Samuel Infante, estes texugos ainda vão ficar no centro vários meses até serem libertadas na natureza. “Normalmente, os texugos têm um período de dependência dos pais. O que vamos fazer no centro é garantir que não se habituam aos humanos.” As crias de texugo são amamentadas pela mãe durante cerca de dois meses. Atingem a maturidade sexual aos 14 a 15 meses e só por volta dos dois anos abandonam o território onde nasceram para formar a sua própria família.

 

 

Daqui a algum tempo, estas duas crias serão colocadas em instalações exteriores, com terra, para aprenderem a fazer busca activa de alimento e a ter os comportamentos normais da espécie.

Para ajudar à sua recuperação, o CERAS está a pedir a ajuda de todos, através de voluntariado no centro, com donativos em géneros ou, mais especialmente, através do apadrinhamento. Esta é “uma forma original de conhecer e colaborar na preservação de diferentes espécies de fauna selvagem”, explica o CERAS.

Em troca, os padrinhos recebem um certificado de apadrinhamento, informação sobre a evolução da recuperação do seu animal, uma fotografia do seu afilhado e poderá assistir à sua libertação quando chegar a altura de o devolver à natureza.

O CERAS é um projecto gerido pelo núcleo regional de Castelo Branco da Quercus, com o apoio da Escola Superior Agrária de Castelo Branco (ESA) e de outros mecenas particulares, tendo como principal objectivo recuperar animais selvagens debilitados e devolvê-los ao meio natural. De momento estão no CERAS 16 animais.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Dica: saiba aqui como identificar pegadas de texugo.

Saiba mais: descubra aqui o projecto que está a mapear as populações de texugos da Serra de Sintra.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Tem visto texugos? Envie as suas observações para os investigadores da equipa do Atlas dos Mamíferos de Portugal. O seu contributo é muito importante para melhorar o conhecimento sobre as espécies do nosso país. Saiba mais sobre este projecto aqui.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.