Para Gonçalo Calado, a fotografia da sua vida aconteceu por acaso

No Dia Mundial da Fotografia, que se celebra a 19 de Agosto, contamos-lhe a história de como o biólogo Gonçalo Calado conseguiu a fotografia da sua vida. Por acaso.

 

As enchentes de gente nas praias mais conhecidas da Arrábida e de Sesimbra fazem Gonçalo Calado rumar a locais um pouco menos acessíveis em Julho e Agosto.

“Há quatro anos levaram-me a um sítio maravilhoso, perto do Cabo Espichel, ao qual regresso sempre que posso”, contou à Wilder este biólogo, investigador associado do Instituto Português de Malacologia (IPM) e professor na Universidade Lusófona.

No sábado passado, a 15 de Agosto, ao final da tarde, “fui mostrá-lo a uns amigos e quando nos preparávamos para por os pés de molho, noto um peixe-porco na poça mais extensa. Nunca tinha visto um peixe-porco numa poça. Já os vi do barco e em mergulho, mas este enganou-se.”

E às vezes mordem. “Tenho um amigo que já ficou sem um naco de neopreno do fato de mergulho. Quando tentámos molhar os pés, ele vinha tentar mordiscar. Não arriscámos e fomos para outro sítio mesmo ao lado. O peixe-porco teria de esperar que a maré subisse para poder sair dali. Agarrei no telemóvel e tirei-lhe umas fotografias, todas de fora de água. Esta saiu muito bem.”

 

 

O peixe-porco (Ballistes capriscus) ocorre no Oceano Atlântico e mar Mediterrâneo, explica Gonçalo Calado. O nome em inglês dos peixes deste género, Triggerfish (peixe-gatilho), faz alusão a um grande espinho dorsal que tem um mecanismo que o bloqueia espetado na vertical, que o animal usa como defesa.

Os peixes-porco fazem ninhos na areia onde os adultos guardam os embriões, ainda que por pouco tempo.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.