Pradarias marinhas inspiram obra que vai reverter para a Ria Formosa

Um painel com 154 peças individuais dá forma a “O Nascimento de Neptunia”, uma obra inspirada nas pradarias marinhas, cujo leilão de cada peça individual reverte para trabalhos de conservação marinha desenvolvidos pelo Centro de Ciências do Mar (CCMAR) da Universidade do Algarve, na Ria Formosa.

A obra foi concebida pelos artistas plásticos Gezo Marques e José Aparício Gonçalves, que se inspiraram na filha do senhor dos mares, Neptunia, para responder ao desafio lançado pela parceira entre Hendrick’s Gin e o Project Seagrass, que se dedica a proteger e reflorestar as pradarias marinhas. Com sede no Reino Unido, este projecto desenvolve trabalhos de conservação em vários países, incluindo em Portugal.

Foto: CCMAR

No âmbito desta iniciativa “O Nascimento de Neptunia”, em Portugal a verba reverte para o CCMAR.

Os interessados têm até 28 de Outubro para adquirir uma das 154 peças e contribuir, desta forma, para a conservação destes habitats marinhos.

Os criadores da obra reuniram-se há alguns meses com a investigadora do CCMAR Carmen Santos para falarem sobre as pradarias de ervas marinhas e a sua importância, altura em que mostraram à cientista a conceção da obra que iam criar. 

Foto: CCMAR

Carmen Santos considera este trabalho “uma representação muito genuína das ervas marinhas, sob a forma de uma sereia rodeada de diferentes criaturas marinhas, mostrando a beleza e vulnerabilidade destes ecossistemas e também uma das suas funções ecológicas, o suporte da biodiversidade”.

“Surpreendeu-nos este convite, mas aceitámos logo porque é uma outra forma de fazer chegar a mensagem ao público e reforçar a importância das pradarias marinhas e a sua preservação”, comentou, em comunicado.

Há mais de 30 anos que o grupo Algae – Marine Plant Ecology Research – estuda estes ecossistemas e o seu líder. “Cada vez mais se percebe a sua contribuição para o ambiente mas também para as pessoas porque purificam a água, sequestram carbono, protegem a costa e são o suporte da biodiversidade e dos recursos pesqueiros”, explicou Rui Santos, investigador do CCMAR, coordenador do grupo Algae e professor da Universidade do Algarve.

Foto: CCMAR

“A verba angariada será importante para ajudar a financiar os nossos esforços para a reconstrução das populações de ervas marinhas na Ria Formosa, que são o habitat dos cavalos-marinhos que estão ameaçados de extinção neste sistema.”

A inauguração do painel aconteceu a 22 de Setembro em Lisboa e as 154 peças estão já disponíveis para serem adquiridas na Oficina Marques e através do site www.nascimentodeneptunia.pt, até dia 28 de Outubro.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.