Orcas no Mar de Ross. Foto: John B. Weller/The Pew Charitable Trusts

Quebra-gelo em missão científica chegou ao ponto mais a sul da Terra até hoje alcançado por uma embarcação

Na Antártida, o quebra-gelo Laura Bassi chegou ao território “até agora inexplorado” da Baía das Baleias, no Mar de Ross.

O anúncio foi feito esta terça-feira pelo Instituto Nacional de Oceanografia e Geofísica de Itália (OGS). A equipa que segue a bordo da embarcação está a participar numa campanha oceanográfica, no âmbito da 38ª expedição italiana, ligada ao Programa Nacional de Investigação na Antártida. As coordenadas geográficas do ponto que alcançaram, “um recorde mundial absoluto”, ficou registada para a posteridade: 78° 44.280’ S.

Localização da Baía das Baleias, a vermelho. Imagem: CIA World Factbook/Wiki Commons

Os investigadores que seguem no quebra-gelo estão envolvidos no projecto Bioclever, que se dedica, entre várias matérias, ao estudo dos peixes ainda em fase larvar e juvenil na plataforma continental do Mar de Ross.

“Os primeiros resultados do estudo dos parâmetros físicos da água do mar evidenciaram a presença de águas paricularmente frias e confirmam-se de grande importância para o estudo da dinâmica das correntes no Mar de Ross”, afirma o OGS, numa nota publicada.

Quebra-gelo Laura Bassi. Foto: OGS

Além disso, os cientistas depararam-se com “uma alta densidade de estágios larvares e juvenis de espécies de peixes”, incluindo espécies raramente observadas no Mar de Ross. Encontraram ainda “uma grande quantidade de algas unicelulares” que são sinais de “uma elevada produção primária”, uma vez que através da fotossíntese produzem matéria orgânica que vai servir de base às cadeias alimentares marinhas.

A viagem deste quebra-gelo teve início a 17 de Novembro, quando o Laura Bassi partiu de Trieste, no Noroeste de Itália, em direcção à Nova Zelândia. Aqui chegado, partiu a 5 de Janeiro do porto de Lyttelton, rumo à estação Mario Zucchelli e ao Mar de Ross.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.