Águia-pesqueira. Foto: Skeeze/Pixabay

Montemor-o-Velho aposta na observação das aves da região

O município de Montemor-o-Velho revelou esta semana um novo projecto de birdwatching para o concelho, onde aposta em observatórios e num novo percurso pedestre no Paul do Taipal.

“O projeto Birdwatching no Paul do Taipal vai criar condições para observação de centenas de espécies, sobretudo aves, no seu habitat natural”, explica a autarquia em comunicado. 

Está prevista a reabilitação dos observatórios já existentes, a construção de um novo e a definição de um percurso para quem quiser visitar o Paul. Este terá uma parte em passadiço e outra em caminhos de terra batida.

A autarquia vai ainda instalar papeleiras, mesas, estacionamento para bicicletas, bebedouros, sinalética e uma mesa interpretativa.

A intervenção – a realizar pelo município de Montemor-o-Velho, em parceria com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) – “visa a conservação, proteção, promoção e o desenvolvimento do património natural e cultural existente em Montemor-o-Velho e, em particular, do Paul do Taipal”.

Tudo deverá estar pronto durante o primeiro trimestre do próximo ano.

Para causar o menor impacto possível junto das aves, a obra vai ser realizada fora do período de nidificação.

A implementação do projeto “Birdwatching no Paul do Taipal” representa um investimento municipal superior a 180 mil euros, sendo cofinanciado pelo Programa Operacional Regional do Centro, Portugal 2020 e União Europeia, através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.

O Paul do Taipal, com 233 hectares, é, conjuntamente com os pauis de Arzila e da Madriz, um dos últimos exemplos deste tipo de zona húmida na Região Centro de Portugal. É Zona de Protecção Especial (ZPE) e Sítio Ramsar.

Na sua zona paludosa ocorrem amieiros, freixos, ulmeiros, choupos, salgueiros, nenúfares, tabúas, e o lírio-amarelo-dos-pântanos. Na zona envolvente, com floresta e zonas agrícolas, podemos encontrar orquídeas, zambujeiros e adernos.

Neste Paul vivem inúmeras espécies como a lontra, peixes como o barbo e o góbio (endemismos ibéricos) e o ruivaco (endemismo lusitano) e anfíbios como o tritão-de-ventre-laranja e a rã-de-focinho-pontiagudo. Quanto a aves, ocorrem ali a águia-pesqueira, o papa-ratos e o maçarico-preto.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.