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Inaugurado o museu que nos ajuda a interpretar as paisagens de Portugal

O Museu da Paisagem, projecto do Instituto Politécnico de Lisboa inaugurado hoje em Lisboa, quer ajudar-nos a ler a paisagem e criar um espólio do conhecimento e da literacia paisagística. O primeiro lugar em destaque é o Tejo.

 

O museu – que tem sede online – é inaugurado com três exposições, todas dedicadas ao território Tejo: “Sons e Matérias da Paisagem”, “Mapas de Palavras” e “O que há neste lugar?”.

A primeira exposição é uma experiência interativa na qual podemos “visitar” diferentes lugares da bacia hidrográfica do Tejo, assente em fotografias e nos cantos das aves que habitam nesses lugares. Assim, podemos ouvir aves como o melro-azul, a águia-de-bonelli, o corvo, a andorinha-das-rochas, o chapim-real ou o mocho-galego. As imagens são do fotógrafo Duarte Belo e os sons das aves  foram recolhidos pelo músico e sonoplasta Magnus Robb.

Na segunda exposição podemos escolher vários itinerários, passando por locais como a nascente do Zêzere (Manteigas), Salvaterra do Extremo (Idanha-a-Nova) ou a Serra da Gardunha (Castelo Branco).

 

Cântaro Magro, Manteigas. Foto: Duarte Belo

 

“O que há neste lugar?” é dedicada aos mais novos. A exposição é um guia de exploração que desperta a “curiosidade, encanto, cuidado e responsabilidade pela paisagem”, com textos de Maria Manuel Pedrosa e ilustrações de Joana Estrela.

Para ajudar o cidadão a descobrir a paisagem, o museu disponibiliza ainda conteúdos multimédia e dois guias impressos para acompanhar o visitante na leitura e experiência dos locais.

Este museu começou a ser pensado em 2015 por um grupo de professores da Escola Superior de Comunicação Social do Instituto Politécnico de Lisboa, tendo como parceiros os Institutos Politécnicos de Santarém e de Castelo Branco e a empresa STRIX.

 

Ponta da Erva, Vila Franca de Xira. Foto: Catarina Neves

 

Hoje, a sua equipa – composta por investigadores, bolseiros e estudantes – tem como missão “criar um espólio dinâmico de acesso permanente, salvaguardando assim o conhecimento e a literacia sobre a paisagem”. Este arquivo poderá, com o tempo, dar conta das transformações da paisagem portuguesa.

O grande objectivo, acrescenta, é “contribuir ativamente para a construção de uma cidadania paisagística, despertando nos cidadãos um sentido crítico e participativo”.

“O Museu da Paisagem tem sede online, mas não é um museu virtual. Os registos e leituras de paisagens aqui apresentados não substituem as suas correspondentes reais. Queremos que os nossos visitantes tenham contacto com o real, que atravessem a paisagem, a sintam, a explorem e a habitem. Os conteúdos que pode encontrar neste museu serão sempre complementares à sua visita.”

 

Pego da Rainha, Mação. Foto: Joana Gregório

 

O Museu foi desenvolvido entre Outubro de 2017 e Abril de 2019, no âmbito do projeto de investigação “Narrativas e experiência do lugar: bases para um Museu da Paisagem”, financiado por Fundos Europeus Estruturais e de Investimento (FEEI), Programa Operacional Competitividade e Internacionalização e Programa Operacional Regional de Lisboa, e pelo Orçamento de Estado, através da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).

Desde Abril de 2019, o Museu da Paisagem constitui-se como associação científica e cultural sem fins lucrativos, com sede na Escola Superior de Comunicação Social do Politécnico de Lisboa.

No final da inauguração do Museu da Paisagem foi também inaugurada a exposição “Texturas Impermanentes, Paisagens do Tejo” que resulta do trabalho de campo realizado para a criação do Museu. Pode visitar esta exposição no foyer do piso -1 da Escola Superior de Comunicação Social do Instituto Politécnico, em Lisboa.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Explore o Museu da Paisagem aqui.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.