Que espécie é esta: felosa-de-bonelli

A leitora Sandra Araújo fotografou esta ave a 25 de Julho e quis saber qual a espécie e o que fazer para a ajudar. Gonçalo Elias dá-lhe a identificação.

“Uma amiga minha apareceu na minha casa com uma pequena ave que um senhor tinha apanhado num parque de estacionamento e entregou-o na portaria à minha amiga. Depressa descartei a hipotese de ser um pardal e após algumas pesquisas parece ser uma felosa-comum. Segundo consta são aves invernantes e que não costumam ser muito vistas na primavera/verão. Podem confirmar me que espécie é? E se estas informações são correctas? Tinha um pouco de sangue no bico e uma das vistas estava quase sempre fechada. Pus soro, alimentei-o com papa de criação e coloquei-o num ninho aqui em casa junto de 2 canários que pelos vistos o receberam bem. Não lhe fizeram mal e até respeitam muito o esvoaçar dele dentro da gaiola. Hoje, é uma ave diferente. Bastante activa e com voos grandes pela casa. Se o soltar poderá morrer à fome? E se ficar com ele, que tipo de alimentação lhe devo dar? Apenas quero o melhor para o pequenino”, escreveu a leitora à Wilder.

Trata-se de uma felosa-de-bonelli (Phylloscopus bonelli).

Espécie identificada por: Gonçalo Elias, responsável pelo portal Aves de Portugal.

A felosa-de-bonelli é um “ícone dos bosques de carvalho-negral e dos pinhais do nordeste do território”, segundo o portal Aves de Portugal.

“Do mesmo tamanho que uma felosa-comum, caracteriza-se pelos tons verdes e acinzentados da plumagem. A coloração é menos uniforme que a da felosa-comum, notando-se um contraste do uropígio esverdeado e da cabeça acinzentada, onde se destaca o olho preto. O ventre é branco e as patas são escuras.”

“A felosa-de-bonelli é uma espécie estival, que chega geralmente em princípios de Abril e está presente até Agosto, mês em que existem bastantes observações de aves em passagem, junto ao litoral.”

Quanto à questão sobre o que fazer para ajudar esta ave, Luís Santos, enfermeiro veterinário, responde:

“Uma ave selvagem, que é migradora e insectívora, não é de todo uma ave para estar em cativeiro. Não só por uma questão ética, mas pelo quadro legal que é infringido. O que a senhora deverá fazer é contactar as autoridades para recolherem a ave ou, em último caso, se houver disponibilidade, levá-la ao centro de recuperação mais próximo.”

Estes são os contactos a usar:
• SEPNA – Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (GNR) – 213 217 291/2; 
• Linha SOS Ambiente – serviço online (SEPNA/GNR) – 808 200 520; 
• Parque/Reserva Natural mais próxima (contactos) ou os serviços centrais do ICNF (213 507 900 | [email protected]). 

Para mais informações consultar a ligação em baixo:https://www.lpn.pt/pt/cidadania-ambiental/dicas-uteis/encontrar-um-animal-selvagem-ferido


Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie-nos para o nosso email a fotografia, a data e o local. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.