Que espécie é esta: longicórnio Plagionotus arcuatus

O leitor Jorge Guerra observou esta espécie a 3 de Março em Oeiras e pediu ajuda na identificação. José Manuel Grosso-Silva responde.

“Este é 4º que me aparece neste inverno aqui na sala em Oeiras. Tenho lareira e no inverno tenho sempre um cesto com lenha na sala. Nunca os tinha visto; será que vieram na lenha? É o Plagionotus arcuatus? Penso ser inofensivo. Não é vespa mas apresenta as mesmas cores. Pura defesa? Já que penso não ser venenoso. Este encontrei-o hoje (3 de Março)”, escreveu o leitor à Wilder.

Trata-se de um longicórnio da espécie Plagionotus arcuatus.

Espécie identificada e texto por: José Manuel Grosso-Silva, responsável pelas colecções entomológicas do Museu de História Natural e da Ciência (Universidade do Porto).

É efetivamente um Plagionotus arcuatus, um longicórnio (os escaravelhos da família Cerambycidae) que mimetiza o aspeto das vespas para dissuadir potenciais predadores. Não tem veneno nem qualquer outra forma de defesa além de parecer perigoso.

Este é um tipo de mimetismo designado batesiano e que descreve espécies que evoluíram do ponto de vista morfológico e/ou de coloração (e muitas vezes em postura e comportamento) para se assemelharem a espécies repugnantes ou venenosas, obtendo proteção porque os predadores reconhecem o perigo (que é apenas aparente por ser uma imitação) e evitam-nos.

É um fenónemo muito curioso porque a vespa desenvolveu uma coloração que avisa do perigo e o escaravelho, sem produzir veneno, faz crer que também é venenoso por ter a mesma coloração de aviso.

Quanto à origem, será certamente a lenha. As larvas ter-se-ão alimentado da madeira e os adultos estão a eclodir um pouco fora da época habitual porque dentro de casa a temperatura é mais amena e o desenvolvimento é mais rápido.


Agora é a sua vez.

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