Que espécie é esta: longicórnio Plagionotus arcuatus

O leitor Bruno Martins observou esta espécie a 6 de Abril em Cernache do Bonjardim, Sertã, e pediu ajuda na identificação. José Manuel Grosso-Silva responde.

“Deparei-me com um inseto sobre o pneu da carrinha. Confesso que à primeira vista me pareceu uma simples vespa mas depois de analisar mais de perto percebi que embora apresentasse um padrão que fizesse lembrar uma, tratava-se de uma espécie que nunca tinha avistado antes. Gostaria se possível que me ajudassem a saber um pouco mais acerca deste escaravelho”, escreveu o leitor à Wilder.

Trata-se de um longicórnio da espécie Plagionotus arcuatus.

Espécie identificada e texto por: José Manuel Grosso-Silva, responsável pelas colecções entomológicas do Museu de História Natural e da Ciência (Universidade do Porto).

O escaravelho fotografado é da espécie Plagionotus arcuatus.

É um dos vários longicórnios (os escaravelhos da família Cerambycidae) da nossa fauna que se assemelham a vespas.

Este é um tipo de mimetismo designado batesiano e que descreve espécies que evoluíram do ponto de vista morfológico e/ou de coloração (e muitas vezes em postura e comportamento) para se assemelharem a espécies repugnantes ou venenosas, obtendo proteção porque os predadores reconhecem o perigo (que é apenas aparente por ser uma imitação) e evitam-nos.

É um fenónemo muito curioso porque a vespa desenvolveu uma coloração que avisa do perigo e o escaravelho, sem produzir veneno, faz crer que também é venenoso por ter a mesma coloração de aviso.


Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie para o nosso email a fotografia, a data e o local. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.