Que espécie é esta: luzerna-orbicular

O leitor Rodrigo Rosa fotografou esta planta em Évora de Alcobaça, a 23 de Maio, e quis saber a que espécie pertence. Carine Azevedo responde.

“No dia 23 de maio 2021, ao fazer uma caminhada pelo rio seco, na freguesia Évora de Alcobaça, mais concretamente numa zona de mato de difícil acesso com ligação à serra dos Candeeiros, encontrei esta planta muito peculiar e gostaria que me ajudassem a identificar”, escreveu o leitor à Wilder.

Trata-se de uma luzerna-orbicular (Medicago orbicularis).

Espécie identificada e texto por:  Carine Azevedo, consultora na gestão de património vegetal ao nível da reabilitação, conservação e segurança de espécies vegetais e de avaliação fitossanitária e de risco. Dedica-se também à comunicação de ciência para partilhar os pormenores fantásticos da vida das plantas.

A planta que aparece nas fotografias é uma luzerna-orbicular (Medicago orbicularis), também conhecida como luzerna-de-fruto-lenticular.

É uma espécie da família Fabaeceae. Possui uma distribuição nativa alargada ao longo da Bacia Mediterrânica e da costa europeia do Mar Negro. Em Portugal surge de forma espontânea no território continental e no Arquipélago da Madeira, sendo frequente em pastagens, campos de cultivos ou em pousio, junto aos cursos de água e em zonas de matagal.

É uma pequena planta herbácea, anual, de raminhos decumbentes ou ascendentes que pode crescer entre 10 a 70 cm de altura. As folhas são trifoliadas. Cada um dos folíolos tem uma forma obovada e o ápice termina em forma de cunha. As flores de corola amarela, surgem na primavera, em inflorescências pedunculadas. 

Os frutos são vagens, em forma de disco, enrolados em espiral com 3 a 6 voltas. Não possuem pelos, nem espinhos e são de cor verde-clara, tornando-se castanhos quando maduros.

A luzerna-orbicular forma uma relação de simbiose com a bactéria Sinorhizobium medicae, fixadora de azoto, o que ajuda no crescimento das plantas, sendo muito útil a sua presença em campos de cultivo, uma vez que é um excelente complemento ou até substituto aos fertilizantes sintéticos.


Agora é a sua vez.

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Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.