Que espécie é esta: morcego-anão?

A leitora Beatriz Ginja fotografou este morcego em Sesimbra a 1 de Janeiro e pediu ajuda na identificação. Paulo Barros responde.

“Venho pedir a vossa ajuda na identificação de uma espécie de morcego. As fotos foram tiradas no dia 1 pelas 11 da manhã, na zona de Sesimbra. O morcego estava a dormir na parte de trás de uma portada de janela da vivenda de uma amiga. Não foi incomodado, nem deu por nada. Devia ter mais ou menos 8 cm. Não sei se as fotos ajudarão à identificação, mas desde já agradeço”, escreveu a leitora à Wilder. 

Tratar-se-á de um morcego-anão (Pipistrellus pipistrellus).

Espécie identificada por: Paulo Barros, investigador na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e membro da equipa de investigadores para os morcegos do Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal Continental

“A espécie em causa é um Pipistrellus pipistrellus ou um Pipistrellus pygmaeus. A distinção destas duas espécies só é possível com total segurança com os bichos em mão”, explicou Paulo Barros.

“Contudo, tendo em conta algumas características (coloração da cara, orelha e antebraço) e o tipo de focinho, eu diria que a probabilidade de se tratar de um Pipistrellus pipistrellus é elevada.”

Os morcegos do género Pipistrellus, são das espécies de morcegos mais comuns no nosso país. Por exemplo, o morcego-anão (Pipistrellus pipistrellus) ocorre frequentemente nas cidades. “É fácil de o vermos a voar à volta dos candeeiros.”

Estes são morcegos fissurícolas, isto é, abrigam-se debaixo de telhas e em fissuras nos edifícios, mesmo com apenas alguns milímetros de largura. Por isso, as cidades são “óptimos refúgios para estes morcegos”.

A maior parte dos morcegos que, por vezes, encontramos dentro das nossas casas são do género Pipistrellus.

E os morcegos “retribuem”. Segundo Paulo Barros, “são óptimos controladores de insectos, como melgas e mosquitos, e podem consumir até metade do seu peso numa noite. Podem comer até um milhar de insectos por noite”.


Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie-nos para o nosso email a fotografia, a data e o local. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.